NO ANFITEATRO DA VIDA

Em incertos momentos, em um lugar qualquer somos acometidos por pensamentos sobre a estrada que caminhamos. Vivenciamos um bombardeio de informações de formas e formatos diversos. Por outro lado, também percebemos que nossa mente é um universo de inteligência infinita em que os arquivos, por vezes, são guardados e até esquecidos nas gavetas imaginárias do intelecto.

Para tirar a poeira da criatividade e da força de vontade buscamos até mesmo de modo inconsciente ser inundados por tudo. Porém, envoltos por todos os seres vivos ou inanimados: família, amigos, lazer, facilidades da tecnologia, de forma não inconstante, igualmente deixamos de fazer o que era para ser feito, em busca do deleite e daquilo que parece nos fazer bem, pelo menos, momentaneamente. Alimentamos de maneira descoordenada o corpo e nos olvidamos de alimentar o espírito, e por conseguinte nos tornamos pobres e famintos de orientação. Não iniciamos, por ventura, uma trajetória de louvores; começamos, no entanto ficamos suspensos no ar; idealizamos, mas não concretizamos. E o que move o pensamento, o que nos move? Seria somente o agrado, a gula, as palavras que “massageiam o ego? Como produto disso, como pavões deslumbrados, de um lado para o outro permanecemos tentando nos empoleirar, tentando agarrar um cipó imaginário para não tombar. E deixamos então as ondas nos levarem, sem rumo, sem nau, sem capitão!

Caro leitor, nós, em algum instante, podemos até nos lamentar, procrastinando e temendo os dias vindouros. E, quase no último suspiro, por pouco, quando o barco tende a afundar é que nos perguntamos: onde é que falhamos? Ainda assim, uma das mais expoentes personalidades da humanidade do século XX, Chico Xavier, através de suas orações nos remete a uma expressão que reza que embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. Segundo essa proposição, indubitavelmente, deve habitar em nós é um espírito de raça e de fé em Deus e em si mesmo. A queda em algum momento pode ter sido dolorida, contudo o levantar deve ser glorioso, com sabor de superação e vitória, como no passo da dança de Fernando Sabino que nos ensina que devemos do medo fazer uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.

Vale lembrar, ainda, os ditos de Afonso Allan que dispõe que a vida é um grande teatro, queiramos ser o protagonista, autor e diretor dela, jamais plateia! Queiramos brilhar no palco da existência, jamais nos esconder atrás das cortinas.

Nesse alinhamento não devemos apenas permanecer sentados nas arquibancadas do tempo aplaudindo e vendo alheio tudo acontecer. Temos sim que dominar o palco da vida e sermos protagonistas de nós mesmos, pois o que diferencia o vencedor é a capacidade de tentar, de se reinventar de agir com um novo olhar, um novo sentimento. E essa força está plantada em cada um de nós, esperando para brotar e se desenvolver. É preciso agir e reagir em busca do novo, de novo para o encontro consigo mesmo, para a conquista do lugar tão esperado no pódio da arena, no anfiteatro da vida!