Chuvas de Verão

Ele soube que ela voltara. Ficou surpreso, mas também tenso. Mesmo depois de tanto tempo, alguma coisa referente a ela continuava viva e bulindo no seu coração. Um grannde amor nunca fenece totalmente. Ficam, digamos, sequelas. Sabia que ela devia sentir o mesmo. Nunca procuraram um saber nada do outro. Não que tivessem ficado inimigos. Mas ficou tácito entre eles que jamais reatariam a relação.

Pensou na música: "Podemos ser amigos simplesmente/ Coisas do amor nunca mais/ Amores do passado no presente/ Repetem velhos temas tão banais...". Uma verdade abissal. A música acertava ainda mais quando advertia que os ressentimentos passam como o vento, e são coisas de momento, são chuvas de verão. Não, não havia possibilidade de reatar um amor que passou, acabou, já era. Seria, como dizia ainda a música, dar vida a um defeito que se extingue com a razão.

Adorava essa música, principalmente cantada por Sílvio Caldas, mas gostava tamabém dela cantada por Caetano Veloso. Mas discordava veementemente de um verso: "Estanha no meu peito/ Estranha na minha alma/ Agora tenho calma/ Não te desejo mais".

Ora, como admitir que não a desejava mais e que ela era uma estranha, se durante todo esse tempo não deixara de pensar nela? eria hipocrisia dizer que não a amava mais. Mas as chuvas de verão eram raríssimas com os seus tyrovões e relâmpagos. Mas era auma festa para os sertanejos. Riu desse pensamento. Mas não podia negar que estava tenso e ansioso. Estavam na mesma terrinha e terminariam se reencontrando. Era uma questão de tempo.

Ela assim que chegou também ficou tensa. Pelo mesmo motivo. Era viúva, sozinha, teve que voltar para vivwer com a irmã. Mas voltara também por causa das saudades. Com 60 anos não aguentava mais viver na cidade grande. Já na casa da irmã olhou-se no espelho. Era vaidosa, gostou do que viu, sabia que ainda estava nos trinques, e não só pelo testemunho do espelho, mas pelos olhares cobiçosos de alguns coroas. E ele? , pensou. A irmã disse que estava bem conservado. Não, não nutria nenhuma esperanaça wem relação a ele. Lembrou a música, ela também adorava essa composição de Fernando Lobo: "Podemos ser amigos simplesmente, amigos simplesmente, e nada mais". Seria absolutamente normal. Detalhe: o sujeito era tambem viúvo.

Era verão, um verão de lascar o cano. Sol a pino derretendo tudo. Não havia o menor sinal de chuva. Só que ninguém controla a natureza. Ela resolveu sair às quatro da tarde, ia à cabeleireira. Saiu. Quando chegou nas proximidades da Matriz, o tempo de repente abafou e, pimba!, de repente começou uma chuva torrencial com trovões e relâmpagos. Ela se abrigou debaixo de uma árvore, mas estava se molhando toda, a chuva era de vento forte, e elea tremia de de medo dos trovões e relâmpagos. erstava quase desesperando quando alguém tocou nas suas costas. Era ele, todo molhado. Não resistiram e riram. Riram muito. E lágrimas rolaram dos seus olhos mas foram disfarçadas pela água da chuva. Não houve nenhuma necessidade de explicação. Se houve um Cupido foi a chuva de verão. A chuva amainou, então eles sairam abraçadose molhados. Iam mudar de roupa e antes de vestir alguma coisa esperando que a roupa dela enxugasse, foram para a casa dele, iam... Iam, claro, tirar o atraso. As chuvas de verão às vezes, diferente do que canta a música, podem reatar um grande amor. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 24/11/2015
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