Sobre o silêncio
Eu não entendo o silêncio. Para mim ele não pode significar muito além de “não me importo o mínimo com isso”. Quero dizer... como pode uma pessoa ficar em silêncio diante de questionamentos, diante de um perdão que deveria ser pedido, diante de uma culpa recém assumida, diante de uma suplica pela verdade, diante de acusações infundadas, diante de pedidos por explicação – mesmo que no fundo essas explicações não precisem ou não devam ser dadas. Mesmo que a pessoa tenha sido categórica em dizer que não as quer ou que não quer mais ouvir a sua voz, escutar suas palavras. Será que você acha mesmo que ela não quer ou você não está nem aí?
Porque ela quer sim! Quer entender. Está quebrando a cabeça tentando entender. Está esperando você chamar por ela e tentar dizer algo. Quer dizer, se você se importava ou gostava tanto dela quanto dizia. Me parece o mínimo.
Tudo bem, talvez eu siga esperando demais das pessoas. Talvez eu siga acreditando num potencial aquém do que o que elas possuem. Mas de todos os modos de compreensão que fico buscando em minha mente, o silêncio me parece tão desinteressado... e, às vezes, a pessoa que está quieta pode estar sofrendo mais que você, mas ela não diz, então como saber? Como saber se ela se importa, quando a única coisa que ela transparece é não se importar? Quando a única coisa que ela lhe deixa e lhe devolve é o seu silêncio pesado e profundo, como o infinito -difícil de decifrar...