Por que é mais fácil dar conselhos

Me peguei pensando em quantos conselhos já recebi e em quantos já dei. Não sei precisar ao certo, mas a palavra "muitos" expressa essa quantia sem necessitar da exatidão dos números. É conselho vindo de todos os lados e distribuídos para todos os lados. Receber conselho é bom, é como se um caminho que não existisse antes aparecesse do nada ou então um caminho cheio de buracos fosse recapeado. Dá uma luz. Mas dar conselho é de longe melhor. Quando aconselha-se não existe pressão, confusão, medo. A cabeça está sã, o coração em paz. Ponto. A situação é clara, as opções não são dolorosas.

Empatia. Agora é a vez de nos colocarmos do outro lado da situação. Todos já recebemos conselhos "mal dados", mas não porque eles não funcionaram e sim porque a pessoa espera convictamente que fosse seguido cada ponto e cada vírgula. E por ventura de um "meu coração achou melhor" acabamos não sendo tão fieis e por fim, acaba sempre na mesma frase: Eu te avisei! Sim, avisou. Mas vem cá, você se colocou no meu lugar? "Não liga pra ele", "não come isso", "estuda mais", "não conversa com ela nunca mais"... Já tentou?

Quem pede um conselho está em pane geral. O coração em arritmia, a cabeça em função desespero, tudo lutando contra tudo, dá até um enjoo. "Mas é tão simples seguir esse conselho, é só não fazer isso e fazer aquilo". Dá vontade de rir chorando. A gente nunca segue os próprios conselhos e sabe porque? Porque é mais fácil dar conselhos. Quando aconselhemos algo é o racional de alguém fora de um problema falando. É fácil ser racional quando não é com você. Mas quando o problema passa a ser seu não existe remédio que coloque sua cabeça no lugar pra pensar com calma. É por isso que a gente clama por um conselho. No fundo, a gente já sabe o que fazer, não é? Até porque, ontem eu dei um conselho pra uma amiga que precisou e hoje a situação se repetiu comigo, então é claro que eu já sei o que fazer... mas, eu não consigo fazer isso. Poxa, como é difícil fazer o que eu falei.

Delilah
Enviado por Delilah em 23/11/2015
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