E por falar em amigos

(O dia da primeira cerveja em lata em Itabira)

Um pouco de um bom tempo vivido em Itabira.

Na música: Beatles, Creedence, Bee Gees.

Nas telas: Love Story, Perdidos na noite, Easy Rider.

No futebol: Pelé, Tostão, Gerson, Rivelino.

Nas manchetes: ditadura, revolução, AI-5.

Já em Itabira, nada de dar papos a tais manchetes.

A gente prezava era andar em grupo com os amigos.

No fim da tarde, reunião no bar do Luizinho.

Muitas lorotas, algazarras e confidências.

Em pé à porta, Fábio Charuto, mocinho sonhador.

Noutra cadeira, João Castelo, chapadim e inspirado.

Mauro Rosa, meio atiçado, combinava uma nova festa.

Nanandes, também mamado, contava novos causos.

Toló tropeçava nas palavras, fumava um cigarro.

Marcinho Girafa fazia a relação da pelada seguinte.

Eu tomava outra cerveja, não falava quase nada.

Aldo Lúcio, de óculos à John Lennon, meio disperso.

Rolando, em alta voz, pedia uma nova Antarctica.

Geraldo Fatinha, uísque com 2 pedras lavadas de gelo.

Jadir, num vai e volta, pedia outra dose de pinga.

Dario filosofava, enquanto tragava mais um cigarro.

Lá fora, João Sampaio buscava assuntos pro jornal.

O Cabrobró, à porta, colava os olhos na bela morena.

O velho Curió desafiava a todos com sua palma da mão.

E fazia versos pra suas beija-flores: belas colegiais.

Derly, detrás do balcão, tentava evitar os sorrisos.

Lá em seu alpendre, Sô Niquinho observava sorridente.

Luizão chegou mais tarde, vindo não sei de onde.

Foi direto ao balcão e pediu uma garrafa de Skoll.

Marcinho Coelho só chegou após fechar sua Bambino.

Milton Tenente chegou por fora, junto do Nôca Bode.

No Palô, ao lado, tocava uma nova música do Taiguara.

Lincão, também da turma, passou em direção ao CAI.

Mais um carnaval estava muito próximo de acontecer.

Ouvia-se um alegre som de marchinhas carnavalescas.

A noite era de neblina que molhava toda a Tiradentes.

Naquela noite, uma novidade mais nos era apresentada.

Surgia a primeira cerveja em lata do Brasil, marca Skoll.

Aprendemos a bebê-la colocando limão com sal na tampa.

Nas grades da casa do Sô Niquinho jovens se aglomeravam.

A noite continuaria assim, bem calorosa como de costume.

Todos cheios de grande animação, e com projetos festivos.

Assim foi aquela tarde/noite inesquecível com grandes amigos.