POR ENQUANTO
Sempre que me dirijo à orla de Maceió, para as minhas habituais caminhadas matinais, passo em frente a uma casa, ainda na minha rua, onde um cidadão de 90 anos está em sua varanda, sentado em sua confortável poltrona, lendo o jornal do dia e esperando receber os cumprimentos dos eventuais transeuntes que passam pela sua calçada. Além do meu costumeiro “bom dia”, também lhe pergunto se “tudo bem”, ao que ele responde: “POR ENQUANTO.”
Admite ele que o caminho à sua frente está muito curto, mesmo que chegue ou até passe dos 100 anos.
Hoje, lendo uma revista de circulação nacional, vejo essa mesma expressão utilizada por um político da alta cúpula, admitindo a hipótese de sua ascensão a um cargo maior. Enquanto o cidadão em referência deixa implícito o “SIM”, o político explicita o “Não”. Isto porque depende de uma série de fatores alheios à sua vontade para que seu sonho se realize. Precisa que “o circo pegue fogo.” É aquela torcida para “o quanto pior melhor.”
Não sou favorável a quem chega lá, pegando bigu. Cada um tem de construir seu próprio caminho, sem querer viver de “carona.”
Enquanto o primeiro diz SIM, POR ENQUANTO; o segundo diz NÃO, POR ENQUANTO. E nós, da plateia, torcemos para que “o por enquanto” ainda dure por muito tempo.