Qual o peso da besteira?

Em qual balança pesamos os fatos ? Abaixo de quantos quilos ( se é que são medidos assim), algo é considerado besteira? E acima de quantos é considerado relevante ?

Se você possui essa balança, peço que me apresente. Se você não possui mas conhece alguém que tenha, me leve até lá. Se não tem e desconhece alguém que tenha, então não me julgue, aliás, não julgue ninguém. Você não possui esse poder. Você não sabe o quão importante aquela " besteira" ( assim intitulado por ti) é importante para alguém.

Não existem besteiras, bobagens, coisas poucas, quando falamos de sentimentos. Não existem críticas aceitáveis a respeito do que os outros sentem, afinal, o que pode ser mais íntimo e individual do que os sentimentos e pensamentos ? Nada!

Está conseguindo entender o que estou dizendo ? Clarice Lispector diz para não cortares todos os próprios defeitos, pois não sabemos quais sustentam o edifício inteiro. E me baseando nisso, digo para não chamares de "besteira " qualquer coisa que não pertença a você. Se o pensamento, sentimento, ideia, vontade... Não for seu, não chame de besteira, pois você não sabe a profundidade da relevância que essa "besteira" pode ter.

Moço, olhe pra mim. Olhou? Agora olhe pra ti. Viu? Somos completamente diferentes, é a nossa essência. A nossa singularidade mágica! Agora olhe nossos pensamentos. Poderia haver algo mais divergente ? Acho difícil não é mesmo?! Para acabar, calcule a nossa diferença de idade. Calculou ? Percebeu o qual jovem eu sou? Sim, ainda sou uma menina ( em idade e vontade), mas isso não te torna mais inteligente. Provavelmente mais experiente, ainda assim, o que é a experiência além da vivência ? Algo do qual todos passaremos ?! Os seis anos não servem de pretexto para banalizar o que digo, sinto, acredito e defendo. Sua vivência deveria acrescentar à minha e não rebaixá-la ou ridicularizá-la. Talvez você queira me explicar como viver, mas a escolha de seguir , ou não, é minha, você errou muito não é?! Se machucou. Bateu a cabeça. Quebrou a cara. Caiu e levantou... E foram essas coisas que te moldaram. Te fizeram ser quem é. Me permita construir o meu eu. Permita que a minha geração erre sem que a sua critique tanto. Lembre-se dos seus 18 anos e o quanto te irritava quando diziam o que deveria ser feito. Lembra-se da sua raiva ou ouvir o sermão de certo e errado ? No auge da sua idade, você pode me dizer o que é certo e o que é errado? Além, é claro, do óbvio que é o respeito ao próximo e a sua individualidade. Me dê uma resposta que não se baseie em " a sociedade rege as leis". Me prove que algo é certo e me aponte provas que vão além do " se não for assim você vai se machucar.

Talvez vc quisesse mudar o mundo quando tinha a minha idade. Ou quem sabe ser um rockstar? Hum... Ou melhor, fazer um mochilão pela Europa, mergulhar nas ilhas cayman, salvar o tatu-bola com pinta roxa do sul do deserto do Saara. Não sei se conseguiu realizar um terço das suas ambições da adolescência, mas não jogue as suas frustrações juvenis em nós. Você tentou. A sua geração viveu e agora é a nossa vez. Lembre-se que aos 18 anos você tinha ideais tão bons quanto os que possui hoje, e que , com o tempo, aprendeu a reformular mais as suas palavras, mas a essência ainda permanece igual. Não tenho ambições surreais, quero apenas me dedicar a minha profissão, me realizar profissionalmente, evoluir como ser humano, e um dia ser mãe. Com certeza essa será a minha maior contribuição para o planeta, pois ensinarei meus filhos a respeitarem as diferenças ( sejam quais forem), e a nunca se sentirem superiores a ninguém. Seja por ter mais idade, dinheiro, status ou beleza. Ensinarei que a superioridade é a arma e a ilusão dos fracos. Respeite a minha idade, não menospreze os adolescentes pois um dia você já foi assim.

A marca de um sorriso
Enviado por A marca de um sorriso em 20/11/2015
Código do texto: T5455705
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.