Retrato na parede

Num dos seus poemas mais marcantes, "Confidência de Itabirano", Drummond coclui nostágico e dolorido: "Tive ouro, tive gado, tive fazendas./ Hoje sou funcionário público./ Itabira é apenas um retrato na parede./ Mas como dói!".

Quando tomei conhecimento da tragédia em Minas lembrei desse poema. Não sei explicar o motivo, mas talvez porque ele seja um poema pungente, sentido, dolorido. Revela nostalgia e a dor da sua terra ter virado um retrato na parede.

Vejam bem, será que essa tragédia não vaiser esquecida? Será que as vítimasnão vão virar retratos nas paredes? Será que os "rigorosos" inquéritos não vão dar chabu? Será que vçao punir mesmo os culpados pela tragédia? Olha,por que nenhum políticoou governante mineiro nunca trombou com a tal joint venture entre a samarco, vale e a anglo-australiano billiton?`Porque nenhum deles nunca denunciou a situação precária das barragens? Rabo preso? Nao sei. Mas fico perplexo com os nossos políticos, fazem discursos, masna prática são uma merda.

Que sejamos solidários comos franceses,tudo bem, faz parte do sentimento humano, assim como entender que nem todo mulçumano é terrorista e que muito da tragédia tem a ver com a mania dos países ricos de se meterem nos assuntos dos países árabes para defender seus interesses e ambições desmedidas. Mas nada justifica o terror. Somos,portanto solidários com os franceses e com qualquer povo vítima de terorismo ou do ataque dos países ricos. Mas o nosso foco no momento deve Minas, em particular a parte atingida, inclusive o temor que novas barragens possam se romper. Nada de contemporizar com essa joint venture, que tem muito a ver com a precipitada e a toque de caixa privarização da Vale.

Se não lutarmos e denunciarmos, virá a acomodação, e Deus me me livre, a impunidade. Relembrando outra parte do poema de Drummond, temos mesmo que ter orgulho de nossa terra e nunca baixarmos a cabeça. Viva Mariana eviva Minas. Inté.