Eleições
Eleições
Por Fernando Silva
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Em tempos de eleições é assim,
As ruas tomam cores
Os subúrbios movimento,
Os homens e mulheres são “cidadãos”...
Alguns viram números, e mesmo apelidos legais:
Uns são presidenciáveis, outros deputáveis...
Em tempos de eleições é assim,
Amigos se tornam rivais
Velhos aliados, agora adversários,
Outros, opostos que se atraem...
Há quem suba em palanque, há quem caminhe nas ruas,
Há quem abrace os velhos, as crianças e mesmo os doentes,
Os mendigos e bêbados, nem de longe...
Em tempos de eleições é assim,
O tremular dos amarelos, vermelhos, verdes e azuis,
Os grandes letreiros, os “santinhos”, “cards”, cartazes, panfletos,
Na televisão, no rádio, no chão, tudo é propaganda, tudo comércio,
O produto vendido vale mais pela embalagem que pelo conteúdo...
Há quem se empolgue, há quem amaldiçoe,
Há mesmo os que vedem seu preconceito barato...
Em tempos de eleições é assim,
A justiça permite aos candidatos gládios,
Ao povo resta o espetáculo sem sentido,
Opta-se pela mentira, pela calúnia, pelo medo,
Resgatam-se velhos fantasmas, se apregoa assombros,
Para as indústrias lucro, à natureza espoliação,
Lixo é o que resta...
Em tempos de eleições é assim,
Todos conversam, todos se falam,
Uns poucos transitam mudamente de um lado a outro...
Seja como for, em tempos de eleições vive-se, evidencia-se...
Descortinam-se os santuários da ganância de uns,
Aviva-se, a esperança de outros em dias e governos melhores...