Como faço canções.

Algumas vezes comento sobre fazer canções, letra e música, pois nunca consegui compor em parceria, não gosto. Faço canções simples, sem seguir regras , até porque não as conheço, e mesmo que as conhecesse não as seguiria. Vocês se imaginam criando com um manual na mão ? Eu não !

Sempre que assisto ao programa "Zoombido" do Paulinho Mosca, vejo o relato dos compositores sobre o processo de compor, e traço um paralelo involuntário com o meu, e todos são unânimes em dizer que não é fácil, e realmente não é, mesmo nas músicas mais simples há uma transpiração.

Façamos de conta que temos um pedaço de argila para modelar, e dele teremos que fazer a figura que está em nossa mente, é bem por aí, aperta-se daqui e dali, e parece que não chegaremos aonde se deseja, mas desistir não é a melhor ideia, e com calma e paciência chega-se lá.

Parto de uma linha melódica, de uns quatro acordes simples que para mim combinam , e um tema , que na maioria das vezes já o tenho pensado, e vou aos poucos "modelando", e colocando outros acordes e fazendo as estrofes, procurando não me perder na métrica, pois apesar de ser um amador, sou um amador exigente , e não vale bagunçar, dou muito valor ao que faço.

Uma vez perguntaram ao Lennon, qual era a sua melhor composição, e ele respondeu ; " Aquela que nunca fiz, pois muitas ideias se perderam por diversos motivos, não estava em condições de anotar, nem tinha o violão na mão ", e ele tinha razão, acontece com frequência.

Presto muita atenção no jeito que alguns "caras" que admiro fazem músicas, como Paul, Lennon, Neil Diamond, J.Cash, Almir Sater, Renato Teixeira, John Fogerty...e todos tem um estilo próprio, uns usam mais os acordes maiores, ou usam variações em quarta, outros em sétimas maiores, ou em nonas, sustenidos menores etc...e curto muito ouvir e aprender, e uso o que aprendo.

Gosto de fazer músicas que falam de pessoas, homens e mulheres, encontros e esperanças, sentimentos diversos, e da natureza, e tenho um estilo próprio, ibérico pela minha raiz , com mistura de sons que arquivei desde a infância na memória, e como dizia o Cazuza, tudo vira "segredo de liquidificador".

Não penso se as pessoas irão gostar, é uma coisa minha que apenas compartilho, e nem sempre. Para gravar, peço ajuda de um amigo ( Daniel),que é profissional e que toca no "Calango Bravo", dá aula , e conhece muito, já esteve com Almir Sater e toca muito bem, mas não interfere no que faço. Ele traz uma caixa de som com vários canais, e um computador, então eu uso apenas o meu amplificador "Sheldon" e um violão acústico, e pronto. Tenho um quartinho no fundo do salão, bem isolado, que ajuda muito a evitar barulhos externos, mas não tenho frescura, e até a cachorrinha passeia por entre os cabos , ou se deita aos meus pés enquanto dedilho.

Primeiro toco e canto, e passo as notas para ele ajudar no arranjo,ou toco primeiro e depois coloco a voz num segundo canal, e por último ele põe a guitarra e os demais instrumentos. Pouca ou nenhuma interrupção, e geralmente gosto do resultado.

Às vezes vem um pigarro ou aquela coceirinha no nariz, e vale comer uma maçã para limpar a garganta, não bebo coisa alguma , toca-se melhor assim, e me concentro muito na letra, nas palavras que desejo dizer, e elas acabam levando a música como um todo . Cantar de pé é melhor, pois abre o diafragma, e o fôlego se amplia, e algumas músicas tem tom mais alto, e exigem mais do vocal, e quando preciso de "backing" chamo a minha esposa , que é bem afinada, mas preciso insistir para que ela cante junto, ela fica tímida , e procuro deixá-la bem à vontade, só indico uma vez o que preciso que faça e tudo sai direito.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 19/11/2015
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