A viagem a Aparecida do Norte e as sapientes pérolas de João Vitor e Bia.
Uma noite agradável todos preparados, ansiosos para visitar a nossa Mãe Nossa senhora aparecida Padroeira do Brasil.lá vamos nós em família a uma bela viagem.
Entramos no Ônibus, cumprimentamos os nossos colegas de passeio, todos muito compenetrados em suas missões.
Estrada calma, pouco movimentada, pista escura, um motorista muito cuidadoso, belas paisagens difíceis de ser apreciado com clareza, silêncio total, alguns falavam baixinho pra não incomodar, outros estavam em suas orações internas particulares, representando sua fé de forma quase que imperceptível. Lá estava eu sentado ao lado do meu irmão, conversando com meus botões, fazendo um balanço de tudo que eu fiz de bom e também obviamente repensando meus erros quando do nada após alguns km percorrido ouço uma voz de criança que vinha do fundo do ônibus. Como não pude ter a visibilidade do momento me contive em apenas escutar aquela voz doce, inocente e preocupada que aparentemente se virou de repente e disse com sinal de decepção.
João Vitor: _ Nossa tia Helena, a educação em nosso pais esta ruim mesmo né, Ao dizer essa frase João Vitor conseguiu provocar a curiosidade de alguns dentro do ônibus e principalmente a minha. RS
Tia Helena: Por que você diz isso João Vitor?
João Vitor: Você não viu tia, lá atrás eu vi um casarão com uma placa bem grande em cima, toda iluminada, escrito Motel com M, e o correto é Hotel com H. (Atente-se para a ênfase da placa grande iluminada dando destaque ao “Erro”).
Tia Helena sem saber exatamente o que responder ao menino que aparentemente teria entre cinco e seis anos sorriu meio que sem graça, quando do nada na poltrona à frente, Bia (prima de João Vitor) virou sorridente, com se carregasse em seu lombo subdesenvolvido a responsabilidade de passar algum conhecimento ao Primo João Vitor e disse.
Bia: _ Não João Vitor não é nada disso, aquele casarão, e um lugar onde as pessoas se encontram pra fazer amor por isso se chama Motel.
João Vitor um tanto nervoso, e querendo a todo custo defender a sua tese disse.
João Vitor:_ Nananinanão Bia, se isso fosse verdade lá naquela placa estaria escrito “Amortel” e imagina quem gostaria de ir a um lugar sabendo que iria morrer, porque Amortel tem haver com morte e não com amor.
Bia decepcionada e confusa com a resposta de João Vitor, mesmo assim ainda pensante, deixou escapar um sorriso amarelo, envergonhada e respondeu ao primo.
Bia: Você tem razão, deve estar errado mesmo. E virou-se na sua poltrona.
Tia Helena apenas sorria, e nada disse para matar a fome de saber daqueles dois pequenos. (E seguimos viagem).
Eu ao presenciar aquela conversa, já comecei a pensar e como todo artista inquieto com minha mente já pensava em escrever alguma coisa sobre o que havia acabado de apreciar. Mais alguns km se passaram, todos continuavam em silêncio. E eu com minha inquietação mental sobre o que havia acabado de ouvir, entre outras coisas.
Na primeira parada, assim que o ônibus deu sinais de que estacionaria em frente a uma churrascaria a qual deixo de lado o nome do estabelecimento para não comprometer o conteúdo dos fatos, Eis que novamente João Vitor também inquieto se levanta de sua poltrona e imediatamente é repreendido por sua tia Helena.
Tia Helena: Fica quieto João Vitor onde você pensa que vai?
João Vitor sem pestanejar, apertando a calça entre as pernas como se dentro da calça houvesse uma bomba que poderia explodir a qualquer momento disse.
João Vitor: Preciso falar uma coisa de homem com meu Vô. (Tia Helena novamente ficou sem resposta, enquanto o pequeno João Vitor seguia mais ao fundo do ônibus, num desespero que acho que qualquer um de nós Homens saberia entende-lo). Não pude ouvir exatamente o que João Vitor declarou a seu avô, mas me parecia algo realmente serio, pois o senhor com muita gentileza, ao acordar assustado agarrou João Vitor pelas mãos e o encaminhou com muita pressa para fora do ônibus e claro eu fui atrás.
A Tal churrascaria estava pouco movimentada, e enquanto eu me aliviava de minhas necessidades liquidas eis que entra no banheiro João Vitor e seu avô. Os dois em silêncio num ritual de amor ao próximo onde seu Avô o ajudava a abrir o zíper da calça que João Vitor vestia, e realmente quando estamos apertados é que damos valor a alguns rituais, onde um simples Zíper se transforma do nada em um cinto de castidade ou pra não ser muito exagerado em um Bicho de sete cabeças. Enfim zíper aberto, e o avô ao tentar levantar João Vitor para que fizesse suas necessidades liquidas no mictório é totalmente repreendido pelo pequeno gênio de algumas pérolas.
João Vitor:_Ai não vô, eu vou ali. (Apontando o pequeno dedo em direção ao vaso sanitário com total entendimento de suas capacidades) Esse pinico é muito alto pra mim. (fui obrigado a rir)
Alivio total para mim e com certeza para o pequeno João Vitor que despejou um Único jato e algumas gostas de urina para a sonoplastia que da som ao texto. Terminada a missão dessa vez João Vitor não se importou a ser levantado pelo avô para que lavasse as mãos. Tudo perfeito até que já no chão João Vitor olha para o Avô e declara.
João Vitor: Nossa Vô olha só isso, uma loja desse tamanho e não tem papel pra secar as mãos.
Avô:_ Enxuga na calça mesmo. Disse o Avô sem perceber que como por instinto João Vitor e sua sabedoria inocente já havia enxugado as mãos, mas não na calça como sugerira o avô, mas na camiseta azul com estampa imponente do Bob Esponja.
Bom depois de mais essa do nosso Herói João Vitor, eu já estava do lado de fora, saciando o meu Vicio, fumando um cigarro. Apenas observando a saída dos dois.
O Avô muito carinhoso com seu netinho parou em frente à churrascaria mostrando ao seu neto alguns animais em tamanho real que faziam parte da decoração do local. Um Leão, Uma vaca, e em um dos cantos uma ave que eu mesmo não saberia dizer se era um pato, um cisne, um ganso ou sei lá.
Disse o Avô: Olha João Vitor, parece que estamos na A Fazenda, aquele programa que você viu comigo aquele dia lembra?
João Vitor:_ Verdade mesmo né, mas lá os bichos são de verdade e aqui é tudo de mentirinha, e naquele programa chato não tem leão.
Avô: Sim (fica em silêncio, e acho que talvez admirado com a Maturidade do neto, confesso que até eu me impressionei).
João Vitor:_ Bem que poderia ter um “Leão” naquele programa né Vô, ai eu queria ver o Leão comendo aquelas pessoas que vivem dizendo coisa feia, tornando aquele programa chato, toda hora fica aquele apito piii, piii, piii a cada coisa que eles dizem.
Nesse momento meu coração se encheu de orgulho, eu com certeza daríamos um Oscar ao pequeno Vitor, mas...
O Avô meio que solidário a mim, e suponho ter percebido que eu os estava observado se aproximou e também acendeu um cigarro.
Avô: Esta esfriando né?
Eu:_ Verdade deu uma esfriada mesmo. (Sem saber mais o que falar, tentei ao menos fazer amizade com meu agora eleito ídolo, virei-me e disse Oi ao pequeno Vitor que num simples gesto de gentileza, mas com total semblante de poucos amigos, entortou a boca pouco de lado e destilou seu sorriso amarelo e ficou em silêncio para minha decepção).
Passados alguns segundo virou e disse ao Avô:
João Vitor: Vamos para o ônibus vô, ele já vai sair e o senhor precisa dormir.
E Seguimos viagem, e não se ouviu mais João Vitor e suas pérolas, dormiu todo encubado no colo da Tia Helena, que agora babava sonhando com sei lá o que.