Dois-de-Paus

No baralho da vda é muito bom e saudável a gente se conformar em ser um reles dois-de-paus, a carta mais insignificante. Quando eu jogava baralho (já joguei, confesso, muito pif-paf) o apelidfo dessa carta era pinincha (no Maranahão é o apelido da popular puta, profissional que sempre respeitei) e se fosse do naipe consioderado menos importante, o de paus, era uma carta que ninguém pegava. Pero, hermanos, como dizem os espanhóis, de vez em quando um pinincha (um dois-de-paus) tinha seu grande momento. Eu me lembro que certa feita numa parada de mesa grande, os quie jogaram sabem que é quando todos participam e as apostas dobram, eu "pifei", mas só batia com um pinincha de paus, estava com um ás de paus e um três, enquanto um sujeito já estava se gabando, estava four numpar, batia com umas dezesseis cartas, mas aí, o danado passou batido, distraiu-se, e outro descartou justamente o danado do pinincha de paus, dizendo uma praga que se tratava de uma carta de merda. Resultado batia a parada. O cara que estava com o jogo bom demais e passou batido, mostrou o jogo, reconheceu que passara batido, e disse: "Se eu hoje cair de costas quebro a pica, perder com um jogo desses para um dois-de-paus é o de lascar o cano".

Mas saindo do jogo, nunca mais joguei, hoje destesto baralho, na verdade junca fui viciado, gostava apenas de jogar, nunca perdi dinheiro, até ganhava. mas o que quero dizer, violtando à vaca fria do começo desta maltraçada, é que você se conformando em ser um dois-de-paus nunca gerta expectativa, não sofre cobranças, não é obrigando a ficar provando todo dia que é o bambambã. E não se engana a si próprio. Tudo bem, como dois-de-paus ficamos no anonimato, somos taxados de vencidos, nao somos alvos de elogios, de homenagens, de nenhum rapapé. Mas, creiam, assim é muito melhor, você é mais livre. Juro. Eu, hermanos, tenho muito orguilho de ser um dois-de-paus. Graças a Deus. Inté.