A segunda-feira
A segunda-feira chegou hoje com um gosto diferente, um pouco mais amargo do que o de costume. Na França as pessoas voltam a caminhar nas ruas como antes e paris voltou a permitir as visitas ao seu monumento mais conhecido, a Torre Eiffel. Aqui no Brasil, um grupo de voluntários percorre os lugares mais afetados em Mariana levando comida e água aos mais afetados. Assim a vida segue. E deve ser assim. Lembro-me dos terremotos de 2011 no Japão, que criou uma tsunami devastadora que varreu algumas cidades do país e trouxe o medo e a destruição aquele lugar. Mas a segunda-feira veio e tudo recomeçou. Porque é assim que a vida funciona. Hoje pode haver uma tragédia sem precedentes e arrasar a vida de muita gente. Mas a segunda-feira há de chegar.
Sempre odiamos a segunda-feira. O motivo: Ela acaba com a nossa maior felicidade, o final de semana. O momento de lazer e descanso se encerra e mais uma semana começa com uma jornada cansativa de trabalho ou estudos. Alguns até fazem os dois. Alguns mais. Mas a segunda-feira também pode simbolizar algo nobre: A insistência.
Por mais que nossas vidas sejam pegas de surpresa por alguma notícia ruim, nós temos de prosseguir. E não precisa ser algo gigantesco. A perda de um parente ou amigo próximo, o termino de um relacionamento, qualquer coisa. A segunda-feira chega e praticamente grita para cada um de nós: É hora de continuar! Não dá pra desistir. Até porque outras coisas ruins irão acontecer, algumas infelizmente, piores do que as que já aconteceram. Mas sempre devemos seguir em frente.
Alguns apelariam para fé, dizendo que tudo tem um propósito. Bem eu não sou uma pessoa de fé, pelo menos não acredito que haja um ser que controle tudo e nos diz quando é hora de nascer ou morrer. Talvez eu esteja errado, talvez não. Mas isso não importa, pois eu encontro outro motivo para continuar quando estou diante de alguma tragédia pessoal. É difícil, mas tem de ser feito.
A falta dói demais. Mas não há dor no mundo que não pare de doer. Um dia essa dor insuportável se tornará mera lembrança. Não some por completo, nem poderia, mas um dia os parentes e amigos das pessoas envolvidas nas tragédias que ocorreram a pouco tempo voltarão a sorrir. Alguns vão levar algum tempo, outros poderão sarar antes. Mas todos irão voltar a sorrir. As segundas-feiras virão e trarão a esperança tanto para França quanto para Minas gerais. Por mais que sejam ruins, as segundas-feiras são milagrosas. Que venham mais segundas-feiras.