o fim

E foi devagar...

Foi devagar que ela foi perdendo as forças, foi devagar que ela viu meses de sentimentos sendo levado naquele carro, em que viveu e fez muitas loucuras.

Os flashes dos momentos se confundem e se esbarram um no outro em sua mente.

Ela parece pirar jogada no chão na porta da sala.

Ela chora em desespero, não aceita aquela despedida, como pode ele a ter deixado ?

Como pode todo sentimento ter acabado ?

Seria outra ?

Seria ela o problema ?

Como ele foi egoísta em dizer que precisava de liberdade, que ela o sufocava e não o deixava viver socialmente, mesmo a amando precisa de um tempo, porque só amor não sustentaria aquela relação .

Ela está com o coração ardendo em chamas de ódio e dor.

Os momentos vão se organizando, ela lembra do primeiro encontro, do beijo roubado e da noite a beira da praia.

Lembra da primeira transa naquela fazenda, em baixo da lua, sob o céu escuro e com as estrelas a os olhar. Apenas estenderam um lençol branco sobre o chão e lá fizeram tudo que a noite pode presenciar. Os corpos se fundiram se amaram e explodiram num esplêndido orgasmo compartilhado no mesmo tempo.

E ali permaneceram até o amanhecer.

Lembra dos cinemas, da praia, do super-mercado , dos shows, das tardes de domingo, do carro dele que servia- lhes de lugar de loucuras, com marcas de sapato no teto, vidros embaçados, buzinas nas horas erradas e cheiro de sexo e amor preso dentro dele.

E tudo que pode imaginar naquele momento vinha acompanho de lágrimas.

Ela levantou lavou o rosto e pensou uma duas ou três vezes em acabar com a vida, que para ela perdeu o sentido. O sangue fervia e o coração torcia de dor em imagina -lo ao lado de outra, seria capaz de matar.

Respirou fez um café e continuou a chorar.

Enquanto ele...

Seguia estrada a fora, ligou o som colocou suas músicas, suas e não as músicas dos dois. Aumentou o volume quando tocou: "Meu caminho é cada manhã Não procure saber onde estou Meu destino não é de ninguém E eu não deixo os meus passos no chão".

Ele sentiu o cheiro de liberdade, e doeu lembrar do estado dela, mas acreditava firmemente que ela ficaria bem.

Agora os dois corpos não se cruzavam.

Foi depressa...

Rápido de mais o tempo que os dois passaram juntos, cada momento marcou. Cheiro, voz ou toque, tempo contraposto as horas intensas e lentas que não passavam no apartamento, tão pequeno, mas que não acabava mais. Cenas que sorrateiramente chegavam e se instalaram novamente.

A cama foi usada, simbolicamente, para início e fim do ato, entretanto cada lugar, visível e fisicamente possível, foi palco de cenas que se refazem em memórias. Ao fechar os olhos ele a lembra do pulsar do coração ao segurar com força o pulso (um breve reflexo do prazer imposto no momento).

Existe um “Q” de sensação que não perdura durante todo o dia e é essa a questão que ele não entende como o dia sendo tão longo, não pode conter a explosão de prazer e afastamento dos problemas do mundo, como o que ocorre quando estava ao lado dela. A dúvida soava por horas tediosas do dia, intensificando pelas futilidades do dia a dia e das pessoas que compunham sua rotina. O questionar-se por mais, bem como se é só isso, lapsos de felicidades dosadas por instantes e esquecidas (se comparadas ao longo do dia), a vida será isso? Posso mais? Acontece que o tempo de “dois” exige companheirismo, atenção e prioridade, só que não é fácil explicar a mente que tem tantas perguntas quanto respostas que dão margem a mais três ou quatro perguntas. Não há tempo de ter tempo para o tempo.

E a madrugada segue longa. As boas lembranças não são unanimidade e o fim também é uma forte lembrança. Ás 23h do sábado, rotineiramente dia de encontro. Travesseiro não apoia mais a cabeça e está entre os braços (cena tola), um gesto involuntário ao lembrar do abraço reconfortante, o ultimo beijo conduzido com um impulso de ambos, até os lábios se encontrarem, quentes e sem presa o beijo foi levado, devagar, e interrompido ao escoar de uma lágrima que deixa um gosto salgado para os dois.

Agora o que era lembrança, voltou a rotina, assim como os questionamentos, e possivelmente outra noite trará mais momentos de volta, estranho é que as dúvidas que o roubaram os bons momentos, também o salva de afogar-se nos mesmos.

-Letícia Cardoso e Velto Oliveira.

Lettícia Cardoso
Enviado por Lettícia Cardoso em 16/11/2015
Reeditado em 14/12/2015
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