Lobos Não Choram

Passo meus dias sozinho, em meu quarto de homem separado, tendo como companhia uma taça de vinho barato, uma prancheta e minha velha caneta tinteiro. Neste cubículo, em frente da cama vejo meus casacos, seres despejados do roupeiro, que não me deixam esquecer que algo está “anormal”.

Lá fora a chuva torrencial me convida à depressão e às lágrimas, mas reluto em aceitar tais propostas. Prefiro refletir e escrever sobre este novo mundo que se apresenta aos meus olhos e demais sentidos. Venho fazendo isso, refletindo há tempos e como de costume, tento aprender a me adaptar à solidão, um “lobo solitário” de quase 40 anos procurando seu espaço numa nova matilha. Neste momento lágrimas teimam em fugir dos olhos, mas com a vergonha típica dos tímidos, não permito tal fuga. Mas como posso ter vergonha de chorar se não há ninguém para ver? Eu sei, eu vejo e isto basta. Em minha toca estou vivendo do meu jeito, me refazendo das migalhas que ficaram, sobrevivendo dia a dia, respirando novos ares, vivendo como se houvesse um amanhã... pois lobos não choram.

Wagner de Azevedo
Enviado por Wagner de Azevedo em 16/11/2015
Reeditado em 16/11/2015
Código do texto: T5450104
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