C’est Vendredi Treize

Mataram 400 pessoas! O dono do boteco gritou a frase enquanto apontava para a TV com os olhos arregalados. A chuva caía forte e o barulho dos trovões assustava menos que os relâmpagos que assustavam menos que a enxurrada de tragédia que estava sendo transmitida pela tela encardida do botequim.

Estádio de futebol. Casa de espetáculo. Restaurante. Periferia. Universidade. Liberdade. Igualdade. Fraternidade. Mineradora. Lama. Vilarejos. Lama. Rio. Lama. Doce. Lama. Mortes. Crimes. Pessoas. Vozes desencontradas expressando medo, horror, terror, dor e toda qualidade de sentimentos ruins. É o que deve sobrar nessas horas.

Nesta sexta-feira 13 o nome de Deus foi gritado muitas vezes. Gritos vindos de muitas direções. Muitos destes gritos não foram ouvidos e seguimos sem entender o motivo.

Talvez o homem não queira entender. Não queira respeitar. Não queira amar. Não queira perdoar. Impressionante a capacidade do homem em naturalizar a tragédia e de fomentar a barbárie. Esse é o homem que acredita ter sido criado à imagem e semelhança de Deus?

Triste sinal. Mostra que tudo deu errado desde o primeiro esboço. Mostra o homem sendo um eterno rascunho muito mal feito de si próprio.

Quitéria Luma
Enviado por Quitéria Luma em 14/11/2015
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