"COMO UMA ONDA" E "PODRES PODERES"
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Mesmo que acordos de bastidores políticos livrem-no da cassação, o deputado Federal Eduardo Cunha não terá mais credibilidade para permanecer comandando a Câmara Federal. Acordos nos bastidores da política, a descaracterizam-na na essência do que venha a ser política voltada aos interesses colativos da sociedade. Nem tudo o que parece, o é de verdade. Surpreendem aos menos acostumados em analisá-los. Esses possíveis acordos podem ou não envolver o impeachment da presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer e até de Eduardo Cunha, do PMDB. Mesmo se ninguém venha a ser punido ou cassado, a presidente da República e o presidente da Câmara, sofrerão pressões, desgastando-os pouco a pouco. Dilma, a “Coração Valente”, não renunciará. Eduardo Cunha também não e tudo poderá se transformar em uma grande pizza! O tempo dirá, mas espero estar errado com relação ao presidente da Câmara. A presidente Dilma Rousseff tem como superar as dificuldades atuais, mudando os rumos e corrigindo a rota de voo, antes em “céu de brigadeiro” e agora, em tempestade de raios e trovões, transformando tudo em “podres poderes”!
Mesmo que nada ocorra, o Brasil, pós tempestade de denúncias de corrupção, não será o mesmo. Estará sofrendo com o pessimismo econômico, a falta de ética, da irresponsável defesa do indefensável, enfim. Contudo, o mesmo Brasil que sofre está mostrando novas possibilidades e iniciativas de negócios, com investimentos de pessoas que perderam seus empregos e decidiram seguir carreira solo em seus próprios negócios. Depois que essa onda passar, inclusive a política que não se desenrola e fica cada vez mais enrolada com os conchavos políticos, nem sempre confessáveis, o Brasil será do “jeito que já foi um dia”, como diz a música de Lulu Santos.
O “Zem-Surfismo”, da canção gravada em 1983, composta em parceria com o escritor e jornalista Nélson Mota, incluída no álbum “Ritmo do Momento”, usada na trilha sonora do filme “Garota Dourada”, do cineastra Antônio Calmon, não poderia ser melhor para definir o Brasil de agora, do momento. No momento, está passando por uma onda de pessimismo econômico, político, moral e ético, causando frustração nos eleitores. Mesmo assim, a última PINAD divulgada mostrou que aumentou o número de pessoas alfabetizadas, se contrapondo ao aumento do número de pedintes infantis. Resta saber se houve aumento também na qualidade do ensino. Mas como escreveu o filosófico Eráclito de Éfeso - “ninguém entra em um mesmo Rio uma segunda vez, assim como as águas já serão outras”, espero que os futuros novos servidores públicos nomeados pela presidente Dilma Rousseff ou por outros presidentes que virão depois dela, sejam menos corruptos. A Lava Jato da Petrobras mostra que, quando mais investigam e se aprofundam, mais óleo cru e podre escorre, decepcionando eleitores e criando uma massa de manobra de fora para dentro com o propósito de defender o impeachment contra a presidente da República.
Como as águas, a política está sempre em movimento, com um dinamismo e velocidade que muitas vezes surpreendem aos menos cautelosos e apressados em suas análises. Porém, depois da punição ou não dos culpados excluídos os inocentes, tudo será diferente, para melhor ou para pior, dependendo do que acontecerá com o relator indicado para conduzir o processo de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar do deputado federal Eduardo Cunha. O parlamentar continua negando a existência de contas no exterior, justificando o que está caindo por terra. Também nega que seria diretamente o beneficiário dos 5 milhões de dólares nelas depositados e já bloqueados pela justiça da Suíça. Muitos mistérios existem nos bastidores da política e eles ainda estão por ser revelados nos próximos capítulos da novela de podridão da política brasileira, envolvendo pessoas que estavam acima de qualquer suspeita, que se escondiam por trás de seus mandatos eletivos para comandarem quadrilhas que empreiteiras, empresários, doleiros e deputados e ex-deputados federais, que estão sendo condenados pelo rigoroso juiz Sérgio Moro, na Justiça Federal do Paraná. Começo a sentir cheiro de pizza e gosto de coca cola nesse amaranhado de teias de acordos e desacordos, feitos e desfeitos nos bastidores dos podres poderes, como já escreveu e cantou Caetano Veloso.
O relator do processo contra o deputado Eduardo Cunha, é o deputado do PRB de São Paulo, Fausto Pinto, de 38 anos, formado em direito. Ele já se declarou independente e garantiu estar preparado para “pressão” que receberá de todos os lados e partidos e para os acordos de bastidores. Ele foi escolhido em uma lista tríplice para conduzir o que será o mais rumoroso caso de cassação na Câmara Federal, em tempos democráticos mais recentes. Nunca antes na história desse país, como costumava dizer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um presidente de Câmara teve seu mandato cassado no exercício da presidência. Será uma vergonha para Eduardo Cunha se ele for cassado ou vergonha para o Brasil e os eleitores brasileiros se ele não for cassado.