Carro da pamonha diz que o abacaxi está fresquinho

Acordei com o som estridente do megafone enferrujado que seguia potente berrando promoções para as pessoas que caminhavam alienadas. São muitas. Promoções e pessoas alienadas e o mercado sempre encontra seu público-alvo. A sonolência dificulta nosso entendimento, especialmente quando estamos acostumados a dormir em pé e sonhar acordados.

Existem palavras que surgem recheadas de metáforas. Quando palavras como “abacaxi” e “pamonha” são gritadas numa mesma frase sinto certa inquietação para não dizer estranhamento: carro da pamonha vendendo abacaxi?

Tá certo? Tá errado? Tem juízo de valor nisso aí?

Sim, os tempos mudaram e a lógica das mercadorias também. Importante lembrarmos que mudança e evolução nem sempre caminham juntas. Realmente não está fácil para ninguém e somos praticamente obrigados a nos adaptarmos aos chamados dos novos tempos mesmo sem entender direito em qual direção está o tal “megafone enferrujado” que oferecerá promoções que trarão novos significados para nossa vivência.

Mudar posturas, pensamentos, discursos e opiniões nos ajudarão e muito nessa construção. Sorte nossa sermos tão providos do privilégio de pensar não é mesmo?! É.

Vivemos num eterno gerúndio. Vivemos num museu de grandes novidades como cantou o poeta. E o tempo não para. Não para mesmo.

Talvez a metáfora embutida desde sempre em nossas vidas seja: vá descarcar esse abacaxi e deixe de ser pamonha.

Quitéria Luma
Enviado por Quitéria Luma em 13/11/2015
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