Agora são outros 40 - Filosofices, Saia Justa e Quintana
Enquanto tomo minha xícara de café com leite e troco as fronhas de oito travesseiros, aproveito para ouvir o quarteto poderoso do saia justa* onde a Maria fala sobre a chegada dos 40 anos com bom humor sobre usar óculos e todas as coisas que não quer ou não vai mais fazer na vida a partir de agora, uau, super me identifico com algumas, principalmente com a coisa dos óculos (o último teste de visão para renovação da CNH foi uma verdadeira piada porque só identifiquei completamente as letras com um dos olhos e estou até hoje rindo disso, mas fui aprovada, amém).
Eu, aqui na região do Pantanal sul-mato-grossense, 40 anos recém completos em 31 de outubro, acordei muito cedo, antes que o sol, não eu não vou sair para trabalhar, não na rua. Já no finalzinho do programa saia justa de hoje a frase do Mário Quintana que a Mônica falou fechou com chave de ouro a pausa para o café das 8:00 da manhã: "O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente.” Uau, faz muito sentido! Corro para buscar o notebook, salvar a frase e não esquecer na correria do dia. Não, eu não trabalho fora, mas sou formada em nutrição com mestrado em psicologia, estudei piano e terapia corporal. Aqui em casa agenda cheia, comecei o dia fazendo um belo café e alimentando a gatinha 'Serena' que está grávida pela primeira vez e abrindo a porta para a pinscher Hanna, que veio da casa do pai dos meus filhos passar uns dias e dormia na cama do meu caçula. Uma passadinha rápida pela área de serviço, coloco a máquina de lavar para encher e já molho as plantas do jardim uma a uma caprichosas, preferem assim, antes do sol. Já na cozinha, ouço Richard Clayderman tocando 'murmuries' e enquanto descasco mamão para o café da manhã, separo os vegetais da salada do almoço (ops, lembro que tem que fazer a lista de compras e passar no supermercado) e lavo a louça, calculo mentalmente os minutos de trânsito lento de sexta feira na capital, entre a escola do filho de um lado da cidade e o meu ginecologista as 13:00. Melhor acelerar, pois é dia de faxina e sigo limpando armários, bancadas, eletrodomésticos...acho que o barulho das louças despertou meu marido que já já vai sair para o trabalho. Então, pausa para o café.
Agora aqui escrevendo e filosofando com meus botões na frase do Quintana, lembro do meu filho piloto de avião que está em Dourados estudando (dentro de um avião, claro, ai! mas mãe nem pode se preocupar com isso, imagine) e volta hoje ou amanhã, penso em ligar mas acho que ainda é cedo. Cedo? Na verdade já é tarde, 8:47, parei para escrever e a máquina de lavar já estalou, roupas para estender, outras para passar, almoço completo e equilibrado para preparar (uma nutri, claro, tudo muito equilibrado...hahaha), caçula adolescente para tirar da cama (Jesus que batalha tirar um menininho de 14 anos da cama, benza Deus, que sono bom que ele tem...hahaha de novo) e estudar antes da aula. Quando sair do bendito papanicolau no médico vou terminar de pintar a minha antiga casa que, tenho fé, depois da venda vai se transformar em uma casa para a minha mãe que mora em Maracajú. Olho meus braços cheios de tinta, ainda de ontem a noite, cheguei 'mortinha da Silva-Sauro' e a tinta não não saiu nem das pernas e dos cabelos, menos ainda dos braços, mas vai ter que sair antes do bendito exame! Melhor virar o último gole do café e correr, faxina completa nos 13 cômodos da casa me esperando antes disso. Mas, para encerrar, e ainda confabulando com meus botões sobre a chegada dos meus 40 e todas as minhas escolhas (inclusive a de sonhar com a hipótese de um terceiro filho) só o que É REALMENTE desagradável nessa fase é ouvir alguém dizer assim: "NÃO, ELA NÃO TRABALHA." (!) Em homenagem a querida Maria Ribeiro e ao quarteto poderoso do saia justa que me inspirou nesta manhã linda, vou dizer aos quatro ventos: Eu NÃO sou obrigada a provar para ninguém que esses dias corridos e bem vividos de dona de casa que 'só fica em casa' também são trabalho, obrigada! :)
*No Saia Justa, canal GNT, as poderosas Astrid Fontenelle e Bárbara Gancia, Maria Ribeiro e Mônica Martelli debatem temas da atualidade e promovem discussões sobre comportamento, política e cultura.