HAJA CHUVA
Todo mundo sabe, ou pelo menos deveria saber, que as estações da Primavera e Verão no Sudeste são épocas de chuvas, localizadas, intensas, acompanhadas de rajadas de vento e com queda de muitos raios devido às mudanças bruscas das condições atmosféricas.
No Brasil, país do “sabe com quem está falando”, dos conchavos e do apadrinhamento no preenchimento dos cargos da administração pública, onde a meritocracia jamais estará vigente, parece que esse fenômeno natural é desconhecido por todos, porque ano após ano os “desastres” se acumulam sem que nenhuma providência seja tomada para a proteção da sociedade.
As ruas, cada vez mais estreitas, não são planejadas para absorver parte das chuvas porque a pavimentação cobre todos os espaços e as árvores, independente do seu tamanho, não dispõem de espaço para o desenvolvimento das raízes, porque aqueles quadradinhos de 50 x 50 cm nada representam em termos de ambiente próprio para a instalação de árvores, principalmente quando essas atingem o porte adulto de mais de 15 metros e copas frondosas.
Nessa chuva que caiu no dia 11/11/2015, perto das 15 horas, na região Sul de S. Paulo/Capital, caíram 70 dessas árvores, danificando veículos, prédios e a fiação elétrica que, apesar do dinheiro que a população já pagou, compulsoriamente, para que fosse enterrada, continua pendurada nos postes, cada vez mais carregados com os cabos de telefonia, de TV a cabo, de transmissão de dados, de iluminação pública, de linhas de transmissão com seus devidos transformadores e redes de distribuição, na mais perfeita e mal orquestrada poluição visual.
O sistema de esgotamento antigo e que foi dimensionado para a época em que parte da chuva era absorvida pelas áreas não calçadas, não consegue impedir as enxurradas que enchem as áreas mais baixas, principalmente garagens de prédios e lojas na altura das vias.
Os planos de canalização de cursos d’água não privilegiam o esgotamento, mas o aproveitamento das áreas que servirão para construções de residências, a maioria ilegal, para a população crescente, sem planejamento sócio ambiental nem de melhoria nas condições de vida e acessibilidade aos serviços de transporte, instrução, saúde e lazer.
Há que se considerar que parte significativa da população faz questão de distribuir por todas as ruas, do centro ou dos bairros, o lixo que produz, seja doméstico ou não, e esse lixo, que pode ser o saco plástico, o papel de bala, a ponta de cigarro, os restos de construção, a máquina de lavar, a geladeira, o guarda roupa ou o sofá, é carreado pela enxurrada e tapa as bocas de lobo que deveriam “beber” a maior parte dessa água.
Quanto aos raios, o que se pode (e deve) fazer é baratear o custo para instalação de para-raios, tantos quanto sejam necessários para “cobrir” a cidade com a rede de proteção, invisível, mas eficiente.