Saigon

Ah, vida!, a gente sempre discutindo: palavras, muitas palavras, meias palavras. Insensatez geral. Uma relação forte mas sempre tumultuada. A paixão gerando desentendimentos, pinimbas, desencontros. O desgaste. A ameaça de separação. Cenário: o nosso apartamento, um minúsculo pedaço da Saigpn tupiniquim. Por que Saigon? Seilá!, talvez porque seja muito quente e pela violência que lembra a cidade palco da guerra na Ásia.

E, de repente, a surpresa, o adeus escito com batom no espelho: FUI! Um repente, impensando e hilário. Mas também mais uma decepção. Outro round numa luta sem vencedor, com dois perdedores por nocaute técnico. Ou perdedores por pontos.

Vai, querida, minha estrela,brilhe como luz de neon fazendo esquecer o som das nossas discussões, viva maisum capítulo nesta nossa relação traficômica.

Sei que as vezes sapías por aí brincando de seentregar, provocação, troco, retaliação fugaz. Quantas vezes pensei em te deixar. Mas é só você chorar e,pimba!, entrego os pontos. Até penso que seguimos um roteiro adredemente preparado, algo como um vício de sofrer para melhor sentir prazer. Coisas de ma paixão, quemsabe, doentia. Masoquismo.

Anoiteceu. Olho com prazer para as estrelas na escuridão. Depois só me resta te esperar. Sei que vais voltar. Faz parte do show da nossa maluca relação. enquanto espero vou tomar umas doses de uísque e ouvir a música que lembra outra saigon: "Tantas palavras,meias palavras, nosso apartamento, um pedaço de Saigon/ Me disse adeus no espelho com batam...". Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 12/11/2015
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