Orientação sexual como conteúdo didático nas escolas públicas
 
A política envolve todos os aspectos da sociedade, e, muitas vezes, o Estado, invisivelmente, esbarra em limites quase invioláveis. Em verdadeiras caixas de marimbondos. Atualmente, vem ocorrendo um embate, entre deputados ligados às frentes católicas e evangélicas, e parlamentares defensores da livre orientação sexual dos cidadãos. Valores tradicionais da constituição da família estão sendo questionados. Mas a polêmica situa-se, sobretudo, na inclusão de explicações científicas sobre orientação sexual, nos conteúdos didáticos das escolas públicas.
Parlamentares que apoiam o status quo, os valores seculares estabelecidos, culturalmente, no berço familiar. Que definem o sexo do indivíduo como fator substancial para orientação sexual. Resistem aos argumentos apresentados pela outra frente. Estes últimos, apoiados nas descobertas das ciências sociais, impingem que a orientação sexual é uma construção que a pessoa desenvolve a partir das suas relações sociais, desde a infância. Que, portanto, a orientação sexual, não estaria vinculada à biologia, ao sexo do indivíduo.
Vários projetos nesses âmbitos tramitam no poder legislativo. Deputados e senadores discutem questões, como: o direito da família assumir o rumo da educação de seus filhos; o direito da família em administrar no próprio lar o ensino formal; ou, a aplicação, na escola, de conteúdos sobre orientação sexual, de acordo com as ciências sociais.
Sabemos que os homossexuais sofrem discriminação na sociedade. Seria o momento de o Estado interferir neste preconceito? O caminho é a ingerência direta na educação formal nas escolas?
Também sabemos que o Estado planeja, seleciona e coordena os atuais conteúdos implantados didaticamente nas escolas. Estariam estes conteúdos livres dos interesses do Estado? Poderia o Estado permanecer alheio às descobertas científicas? Não estaria, assim, contribuindo para a manutenção da discriminação sexual, que afeta a sociedade?
São questões polêmicas, mas não podemos resolvê-las, omitindo as valiosas contribuições das ciências sociais. Não podemos desviar nosso olhar das conquistas realizadas internacionalmente pelos indivíduos homossexuais, e voltar a pensar que a terra é o centro do universo.
Maria Amélia Thomaz
Enviado por Maria Amélia Thomaz em 10/11/2015
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