O TELEFONE E OS NOVOS TEMPOS
O maravilhoso invento de Alexander Graham Bell, o telefone, serviu por muito tempo para “aproximar quem estivesse distante”. Mas ele evoluiu – e muito – e transformou-se no tão popular, maravilhoso e multifuncional celular que, ao que parece, resolveu contrariar o propósito para o qual foi inventado, pois serve, agora, também para “distanciar quem está próximo”. Além de cada vez menos servir para falar, e virou objeto de ostentação (para alguns). E mais ainda: não basta você ter um celular, tem de mostrar que tem... E de última geração, preferivelmente.
Outro dia, uma amiga virou-se para mim e me perguntou, assim, como se diz, “na lata”:
– Você tem celular, poeta?
– Tenho, sim – respondi e questionei:
– Por quê?
– Porque eu nunca vi.
Diante do “nunca vi” dela, só me restava justificar e, educadamente, o fiz:
– É que das vezes em que estive com você, ninguém me ligou e nem eu precisei fazer ligação. Entendeu, minha querida?
– Agora, sim, entendi – e fez cara, contraditoriamente, de desentendida.
Diante, pois, do seu "não entendimento", fui eu quem fez cara de desentendido. Mas entendi...
Novais Neto
Salvador (BA), 10/11/2015