Justificativa pela falta no trabalho.

Justificativa pela falta no trabalho.

Bom dia,

Informo que o não comparecimento ao trabalho, hoje, foi por motivo mais que relevante. Na hora em que deveria descansar, fiz hora extra; trabalhei. Não buscava o cifrão nem as cifras musicais, contudo, corri pela madrugada atrás de um verso que teimava em fugir. Persegui por entre as entranhas e o encontrei desincrustado dos sentidos.

O ponto, não bati o dedo, todavia, apanhei das rimas até sangrar de emoções. É difícil ter jornada dupla!

Sei que minha ausência acarretará em uma falta, mas não podia ficar em falta com a Poesia, ela desconta em palavras e me faz ficar mudo diante do papel. Desobedecê-la causa mal-estar e uma advertência que levará a uma expulsão do seu mundo de idílio.

Peço desculpas, porém a culpa é do estribilho que não queria me responder; gritei, na noite, até o silêncio acordar e bradar junto comigo.

Amanheci com as olheiras e uma ressaca criativa, cansado de recolher sentidos e senti-los para fazer novos sentidos. Na noite me esquartejei e deixei minhas vísceras em cada verso que compus. Algum tolo lerá e achará graça, outros viverão das rimas, logo, a Poesia libertar-se-á de mim e eu vou vê-la deblaterar em vozes que não vociferei.

Sem mais e sem delongas, peço que entenda a ausência desse servidor moderno de jornada dupla.

Atenciosamente

Um “poetastro”