BURRICE E PUNIÇÃO.

Quem não investe em si mesmo paga alto preço. É ato de escolha, livre arbítrio, discernimento, só cerceado por patologia significativa. É preciso investir em nosso interior, conhecer a razão da vida e seu entorno, vivê-la sem restringir felicidades e direitos de todos e principalmente dos entes próximos que devíamos amar com largueza, e não amamos.

Pela “burrice” pensamos que amamos, já que assentada na estreiteza da inteligência o código de conduta pessoal, acanhado e parco, no permanente recuo do entendimento que falta e sempre faltará. Quem não ama a si mesmo, exceção da regra bastante visível, não amará o próximo, seja ente que devia ser querido ou pessoa comum. A pena surgirá.

Essa punição referida chega de várias formas. Para o vaidoso excessivo pela não coroação de suas vaidades, massacrada pelo tempo que ditará definitivamente a sentença do que seja a nulidade e a pretensão, não adianta insistência no que pensa ser ou será e não foi e nunca será. Já adiantei essa didática para alguns.

Ainda que pouco perceba pela sua limitação ilimitada, não obterá a altura pretendida, e não cairá nem mesmo de vestígios de uma vida fértil que nunca teve, pois ninguém cai de planos não atingidos, e não obterá o aplauso do talento que não tem ou a fama que queria atingir, nem o sucesso almejado que a distância da estrada da vida não possibilita aos ausentes de compreensão do que seja realmente viver, sem fronteiras para o amor, e sem rastejar vizinho e íntimo dos pecados capitais que fazem e fizeram sua caminhada.

Ao revés mostrará suas vísceras fétidas conceituais nas aflições que ocorrem com a humanidade, em convicções egressas da insuficiência, onde a solidariedade e a caridade não visitam, sempre posicionado com o entendimento do que não presta e na arrogância do que não sabe e não pode aprender, cimentado e sustentado na primariedade de seu interior pobre no ato de pensar e exercer o que seja o melhor, sempre inclinado que está para a desordem espiritual que é a sua habitação, que lhe é confortável pelo desamor.

A punição durante a existência será rigorosa, profunda, logo que se amealharem bens materiais na vida, será por trabalho de terceiros com origens diversas, ou por fraude na seleção pela inteligência que não têm, na admissibilidade em empregos públicos ou privados, fraudados, e esse algo amealhado não será usufruído, essa a expressiva punição, pois carregam consigo fortemente a avareza.

Diga-se que a incapacidade é tamanha que acham inexistir punição, estão felizes com o opróbio. Por razões do destino muitas vezes a materialidade os favorece. A punição,embora a incapacidade os isente de sentir, por desconhecerem vida melhor, pela incapacitação, parecerá inexistente. Vão levando, absolutos ignaros que são. Estão felizes no sítio paroquial em que vivem, entre a mais pobre singeleza, que não admite gastos, consumindo o que há de pior. Existindo charco os porcos estão saciados.

Não têm capacidade para investirem em si mesmos de forma alguma, nem espiritual nem materialmente, e viverão uma vida de quinta categoria, na restrição de nada adquirir, de nada buscarem de melhor, e a maior punição será para alguns, que nem terão a quem deixar o que têm. Não há descendência direta que não conseguiram como disse Padre Vieira, amargando uma dor maior do que a do parto, por toda a vida, e se algo têm deixarão para um mundo para o qual não gostariam de deixar, mas a ordem da natureza assim dispõe.

A falta de ser pessoa na amplitude legada por Cristo, pela escolha, faz do egoísta seu próprio algoz, punido por sua extremada burrice, em não investir nem em si mesmo.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 09/11/2015
Reeditado em 10/11/2015
Código do texto: T5443010
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