Mula

A juventudo de hoje pode até correr mais riscos nas relações sexuais do que a de ontem porque existe a Aids - quem não usa a camisinha pode ser contaminado ou contaminar uma parceira ou parceiro. Mas hoje existe muito mais informação.

Para quem viveu no período anterior à Aids, o perigo era menor, mas a falta de informação era quase total. Nas década de 50 até começo de 60, duas doenças venéreas eram comuns: a blenorragia e a mula. A "blenó" era mais simples, mas o carinha sentia muito incômodo e dor quando urinava e, pior, ficava "pingando", melava a cueca todinha de pús, às vezes de sangue. Mas a danada sumia com uns oito dias, mas às vezes voltava. Mas pior que ela era a mula. O apelido se devia ao fato de quem estava com uma ficava andando meio lento que nem uma mula. Era o linfogranolana (?) venéreo. Começava com uma ferida indolor na virilha, formava-se uma massa, vinha as ínguas, dores, suores, febre e o escambau. Mas as duas pragas eram acrescidas de um castigo brabo: a injeção de Bezentacil. Pensem numa injeção doedeira da gota serena, deixava o músculo do infeliz devastado. Era um castigo tremendo.

Mas tinha algo engraçado. Quem pegava uma dessas doenças, escondia dos pais, recorria, pelo menos em Arcoverde, a um sujeito que trabalhava numa farmácia, o carinha ficava por ali dando voltas e o !enfermeiro" já sabia, chamava-o fazia o exame in loco e receitava, ou uma pomada, se o caso fosse mais leve ou então a peste da Bezentacil, o cofrinho era esvaziado nessas providências, mas a família terminava descobrindo. Havia outro fato hillário, os "donzelos" ficavam com inveja dos que estavam com essas doenças, quando um deles passava os "donzas" cochichavam dentre si: - Cabra macho, tá pingando. Ou: - Eita cabra corajoso, pegou uma mula no cabaré. Era inveja. Juro. Um amigo meu, companheiro de jogo de sinuca, chamado Luis, pegou uma mula, sofreu demais, e ganhou um apelido: Luis da Mula, foi chamdo assim a vida toda. Esse além da Bezentacil teve que sofrer uma pequena cirurgia. Depois de curado foi se confessar com um padre reacionário e radical, foi por exigência da família dele. Confessou que pegara a doença com as putas do cabaré. O padre lhe deu um esporro danado, aí o carinha não teve dúvida, mandou o padre para aquele canto e disse queele tava é com inveja.

Mesmo com esse perigo, os mais ousados não deixavam de frequentar io cabaré, sem camisinha, faziam o sexo ao natural. Sem medo de uma mula lhes picar ou uma blenó. Ea um tempo mais atrasado, mas pelo menos era mais divertidoe nao tinha a Aids. Ou tinha e ninguém sabia? Sei lá, manfgueira, não sei. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 08/11/2015
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