"Ausentidão"

"Ele se ausentou por alguns dias, ele foi morar na "ausentidão"..."

A noite está escura. Um vento forte embala os galhos das árvores, eles dançam em sintonia. Não vejo, mas ouço as folhas do coqueiro se movimentando, consigo imaginar seu balanço metódico, e com profundidade capito o vento que isso trás.

Parece uma época passada. Imagino que o barulho dos automóveis nas ruas, são de carros antigos, e que na casa ao lado, acontece um serão de jovens.

E entre tudo isso, no centro do mundo que criei, está você.

Certamente vestido com sua camisa branca, usando uma calça preta...

Agora você se alegra, pede para ficar em silêncio, para podermos ouvir o barulho da chuva que se aproxima. Me olha com seus olhos negros, abre os lábios de um jeito que fica a mostra os seus dentes brancos.

Quando ele estava, algumas coisas se ausentavam, o choque que meus olhos provocavam com os dele, era uma fusão de cores. O sol se misturava a nós dois, junto com as árvores, o mel e a terra, tornado isso tudo, uma única matéria.

Tempo, permita-me ouvir pelas ultima vez o barulho de seus passos e observar o seu caminhar tão simpático, ver seus lábios rosados semiabertos...

Tudo está passando rápido, a cada dia que se passa são menos 24 horas, e somando isso com mais algum número, me dá um total de tempo demais sem você.

Está chovendo agora, nesse momento você iria abrir a janela para mostrar-me que no céu não tem nenhuma estrela, mas que a chuva cai docemente sobre as plantas.

Sozinho, talvez você esteja fechando a cortina, assistindo a um filme ou algum documentário sobre Física.

Deve está feliz pela chuva, pode está admirando-a pela janela do seu quarto...

Eu estou aqui, vivendo intensamente com meus livros, meu gato e minhas sincronizadas xicaras de chá.

Olhando as ruas em que você passava, tentando captar a última imagem que tive, vendo você ir para além de uma neblina anil, que eu anteriormente, previ que se aproximaria e o levaria para longe de mim...

Olhando aquele horizonte por alguns minutos, posso ouvi a voz de um suposto desconhecido, que simplesmente não entendo como foi capaz de ler meus pensamentos, ele colocou as mãos em meus ombros e disse-me: "Não fique triste, ele vai voltar..." Depois aquele senhor se foi e eu fiquei esperando esquecer você, pois sabia perfeitamente para onde você havia ido.

Não é saudade o que sinto, nunca saberei o nome desse sentimento...

Você deve saber, uma nova palavra...

Vou dormir ouvindo as gotas de chuva molharem a cidade, devolvendo a água evaporada, vou esquece-lo vagarosamente, mas agora não quero, quero apenas pensar que você está bem, vivendo em algum lugar desconhecido, e com rosto preocupado, procurando-me. Menino, meu menino bonito...

Andrea A Gonçalves
Enviado por Andrea A Gonçalves em 08/11/2015
Reeditado em 08/11/2015
Código do texto: T5441450
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