Mentir ou Roubar?
Na minha infância e ainda até hoje, sempre achei que o pecado de roubar era maior do que o de mentir. E, para consolidar a minha ideia, li aquela trovinha que diz: “Há verdades que amargam como fel / e mentiras que têm o sabor de mel”. Com surpresa, vejo que no meio político o pecado de roubar é mais ameno. Eis aí o que ocorre na Comissão de Ética da Câmara Federal. O deputado pode perder o mandato por mentir, mas não por roubar. Não seria inversão de valores?
Não que eu esteja admitindo a legalidade da mentira, mas que o ato de roubar é mais pernicioso à sociedade ninguém pode negar. Até porque, independentemente da cultura e da formação educacional, quem já não soltou uma mentirinha?
Não só quando criança, mas também como adulto, somos levados a nos defender de ataques externos, negando algo que pode nos prejudicar. Como já emprestei algo que não tive de volta, no segundo pedido optei pela resposta “não tenho”, mesmo não sendo verdade. Poderia ter respondido “tenho, mas não lhe empresto”, o que se configuraria na “verdade que amarga como fel”, como diz a trova.
Du-vi-de-o-dó que haja uma pessoa que durante toda a sua vida não tenha mentido ao menos uma vezinha. Mas, roubar, certamente há muita gente que jamais cometeu esse pecado.