Linda Imperfeição
Acordo pela manhã às dez pra seis e me olho no espelho, o espelho não quebra, mas engulo em seco com medo e confiante.
Visto meu moletom surrado, pego a única coisa perfeita que vou ingerir, meu café inebriante. Saio de casa e todos que vejo estão apressadamente tranquilos sem me notar.
Agora me localizo no último assento de um ônibus que vai na direção que escolhi seguir e estou me olhando no vidro da janela compulsiva, perplexa, apaixonada e que saber? Essa é minha filosofia, filosofia do não ver, - é assim que chamo- não ver o que o intimismo poderia pairar, trazer à tona, piorar.
Minhas cicatrizes são visíveis e gritantes, de longe dá pra ouvir o som desse grito... e se arrepiar e eu gosto do meu reflexo, porque quem faz a minha imagem sou eu, depende de mim. Sem mim? Não há imagem.
Se existe padrão de beleza, estou no topo. Minhas cicatrizes são meu charme, eu quis ver isso e se mais alguém tiver os mesmos olhos que eu, será meu.