Tudo muito estranho
Voltava da faculdade hoje, já sentido um certo vazio pelo fim do semestre e consequentimente das aulas, estudo em uma universidade particular, empregnada de capitalismo, uma escola que não tem como objetivo maior, transmitir conhecimento à sociedade. Como tudo que é particular hoje, a intenção é ganhar dinheiro, portanto, ela universidade aproveita a colaboração do governo para sucateação da educação e diminue suas horas nas grades curriculares, a lei dá direito a isto, vale lembrar que a sucateação é ótima para os feitores da lei (na visão deles, é claro).
A grande maioria dos alunos adoram as imensas férias, tendo em vista que ficarão descansando por mais de um mês, não terão de estudar e logo formarão sem ter que passar por aquela preparação que é necessária. O que importa é sair da com diploma na mão e ganha dinheiro. Não os culpo, foram ensinados a ter preguissa de pensar.
Mas como dizia, eu ia voltando de topique da faculdade, da topique passa para o ônibus, que após uma hora viria me deixar perto de casa. Uma hora está, que estava eterna, idiotas comemoravam ao estilo, o última dia de aula, cerveja tem pra todo mundo, muita cerveja, será que a cerveja no Brasil é de graça? Porque até ontem ninguém tinha dinheiro pra nada, de repente estes pobres pobres, aparecem alcolizados e abraçados a um monte de latas 350ml por R$2,50.
É... tudo muito estranho.
Num certo ponto da viagem, sem conseguir dormir, comecei a olhar por um vidro o reflexo dos inflamados pela cerva, soltavam a todo momento frases sem sentido e sem graça, riam alto, milhares de gargalhadas forçadas. Chegava a parecer desespero de quem quer de qualquer forma sair do mundo a que está condenado, caçoavam um dos outros, fingiam a todo momento estarem felizes, falavam alto, como se com aquele tom de voz, conseguissem expulsar o que silênciosamente os machuca por dentro, tentativa frustada, então falavam mais alto e desciam mais alcool garganta abaixo. Assuntos pobres são muitos, mas sentiam algo errado, é dificil escapar da realidade mesmo quando bêbado, tentaram distrair-se lendo os ingredientes da latinha, nada, tentaram sair para urinar, pararam o ônibus, sairam e voltaram, nada, nada de novo. O ônibus sai de uma cidade onde localiza-se a universidade, passa pela que moro e depois segue até a próxima, até a última parada. Quando entramos na cidade onde desço, pensaram em mais uma alternativa para relaxar, colocaram a cabeça para fora da janela e começaram a gritar quaisquer frases, sempre idiotas, é a mania que o humano tem de achar que consegue ser idiota para fugir da tristeza, pior que muitas vezes consegue, mas estes não, no fundo têm noção do que vivem, de que mundo estão, provavelmente não terão criatividade para se distrairem quando a estrada (BR), for tomada novamente, a frustação interna voltará, fingirão até descerem do ônibus e voltarem para suas casas, solitários no quarto, pensarão, ainda bêbados, na porrada de idiotices que fizeram, fingiram não se importar, se enganarão, guardarão as lágrimas quando algo aparentemente desfarçadamente mais importante surgir, uma forma de nunca chorar pelo que é dificil mudar, uma forma de nunca aceitar perder o mais facil, ou de achar que o fingimento é mais facil. Interpretam a felicidade como se estivessem todos no palco, insenando uns para os outros, querendo mostrar que estão bem, estão felizes.
Bando de infelizes felizes!