A Nuvem

O amor se manifestava e transbordava cada vez que se viam. Vivê-lo não era uma opção, mas uma utopia inescrupulosa e sacramentada. Não adiantava sonhar. Os olhares, mesmo apertados, não disfarçavam a navegação na imaginação. Os olhos eram uma mistura de uma doçura indígena com uma sutileza nipônica. A sabedoria e a sensatez apresentavam-se doce em suas almas. A ciência os unia. O mistério dos sonhos e das ilusões concretizava o prazer em todas as suas manifestações. Teciam-se telas para uso e telas que não seriam usadas, não poderiam, não deveriam ser usadas. Decidiram criar uma nuvem. Não era um refúgio de sonhos, era um aglomerado de sons, informações, luzes, memórias e lembranças... A nuvem era um segredo, um esconderijo para unir suas forças e aventurar-se no entusiasmo das vontades da alma. Assim como uma nuvem no céu, ao se carregar de vapor e umidade, transbordavam de felicidade e com os corpos mapeados em cada milímetro de extensão, finalmente o coração inflamado poderia pulsar livre e cantar o fado poético do amor.

Ubirani
Enviado por Ubirani em 04/11/2015
Reeditado em 04/11/2015
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