Antonio Maria, o menino grande

É uma pena que um dos melhores cronistas do Brasil não tenha publicado nenhum livro em vida. Refiro-me a Antonio Maria. Só depois da sua morte é que reuniram suas crônicas em livros.

Segindo Luis Fernando Veríssimo, Maria foi o melhor cronista do Brasil. Discordo, acho que o melhor fui Rubém Braga, Maria é o segundo, mas foiquem mais escreveu do ponto de vista do povo, talvez por causa da sua condição de boêmio inveterato e também porquq tinha uma grande experiência de vida, foi menino de engenho, locutor, jornalista, produtor de programas, compositor e o escambau, mas principalmente cronista. E amou demais, mais do que seu coração podia. Amou belas mulheres, caso de Danusa Leão e outras.

Eu não entendo como nenhum cineasta ainda nçao teve a idéia de fazer um filme sobre a vida de Antonio Maria. Seria um filmaço, retratanto a força e os costumes dos chamados anos dourados, inclusive a trilha sonora jpa estaria pronta, com músicas do próprio Maria, Manhã de Carnaval, Menino Grande, Ninguem me ama... Mas também o melhor que fez, letra e musica, que são os tgrêsfrevos pernambucanos.

Era um mestre nas frasesde efeito, certa feita deixou um bilhete para um amigo de quarto de pensão: "Se me encontrar dormindo, deixe; se me encontrar morto, acorde". Debochava da arte de cronista: "Acho graça quando dizem que escrevo bem. Mentira. Os outros é que escrevem mal". Fazia uma crítica ácida e divertida de uma das suas composições: "Ningupem me ama, ninguém me quer, nngupem me chama de Boudelaire". Detestava sos falsos amigos: "Amizade écomo perna de cavalo, quandose quebra nunca mais se conserta".

Mas as grandes crônicas dele eram aquelas que falava do seu passado. Disse numa delas: "Não desprezeis minhas humildes saudades, mas buscai em vossa meninice, lembranças parecidas com estas e elas vos restituirão um certo apego, um poucode bem-querer aos dias de hoje, tão sem graça nasua maioria". Falava da sua missão: "O homem só tem duas missões importantes: amar e escrever à máquina. Escrever com dois dedos e amar com a vida inteira". E se autodefinia: "Com vocês, Antonio Maria, brasileiro, cansado, cardisciplente (isto é, homem que desdenha do próprio coração).Profissão: Esperança".

Maria viveu só 43 anos, mas marcou profundamente a cultura do nosso país. Pena é que esteja esquecido. Coisaa do Brasil. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 03/11/2015
Código do texto: T5437059
Classificação de conteúdo: seguro