Eu preciso sobreviver

Não dá para esconder, fingir ou enganar, a verdade é que nesta sociedade em que vivemos é preciso, aqui e acolá, transigir e dar um drible na ética. Para sobreviver faz-se necessário sermos "espertos". Quem for obedecer à risca todos os itens e versículos da dona ética, do doutor moral e do esquadrão bons costumes, dança, se ferra, se lasca. Dói dizer isso, mas é a verdade. Tem mais, nunca foi tão atual a chamada lei do murici: cada um por si e Deus por todos. A solidariedade hoje é uma virtude obsoleta. Estou exagerando? Não, infelizmente não. É um querendo derrubar o outro, Até na família. Dizem com a boca cheia que a família é um núcleo unido. Verdade? Mentira. Botem uma herançazinha no meio, aí se verá a "coesão" da família, aparece cunhado, cunhada, nora, genro e o escambau de parentes ávidos por um quinhãozinho, costumava-se ir até às vias de fato, aos tapas. Um amigo sempre me diz, brincando, que família só é bom para tirar retrato. É claro que não estou generalizando, há as honrosas exceções. Há mesmo? Sei lá, Mangueira, não sei...

Estou meio desencantado. Mas sou realista, não dá para seguir ipsis litteris o catatau da ética. Temos mesmo que dar umas farrapadinhas, uma mijadinhas fora do caco. É triste, mas é vero.

Quando penso nisso recordo de uma charge, não sei de Jaguar, no antigo "O Pasquim", alguns soldados romanos pregando o Cristo na cruz, e um deles oque pregava o prego maior dizia se justificando: "Eu preciso sobreviver!". É sempre essa a desculpa para as falhas cabeludas, mas para a as pequenas não é nem preciso justificar, basta dizer que não é mané para cumprir todo o catatau ético, que não é cumprido nem pelos que cuidam das leis. E priu.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 03/11/2015
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