Sebastião Mendes
 
Ontem foi o dia da saudade, e nem bem havia me recomposto das lembranças daqueles que marcaram a minha vida – meus pais, irmãos, tios, avós e amigos – recebi uma notícia terrível: o meu amigo Sebastião Mendes havia falecido, tendo o fato ocorrido em São Lourenço, cidade que ele amava.
 
Quando ele vinha à minha casa, a cadela Tina abanava a sua cauda e lhe fazia festa. Ele era um amante de animais, e os animais sabem reconhecer quem os trata bem. Ria, quando lhe dizia:
- Se ela fosse mulher, eu seria um corno!
Os animais não se enganam, sabem em quem podem confiar; Tina percebia nele, a fidelidade que ele tinha com a sua cadelinha paraplégica, e o carinho que lhe devotava.
 
Mas quem era Sebastião Mendes, que privava da minha amizade, e fez meu coração se abalar?
Na juventude, tinha sido um jogador campeão, de basquetebol pelo Flamengo, quando o Brasil tinha sido campeão mundial na era do Algodão.
Depois ele se tornou um comunicador – com um vozeirão que dava gosto de se ouvir – e atuou em diversas rádios, trabalhando na área esportiva, e depois, criou um programa aos sábados na Rádio Band AM que agora, há bem pouco tempo, passou a ser gerado em FM: Clubes em Revista, que se manteve durante vinte e três anos como líder de audiência.
Clubes em Revista mantinha uma audiência muito grande entre os frequentadores dos clubes sociais e entidades de classe.
 
Mas o seu grande trabalho, onde mais o admirava, estava na divulgação da arte e da literatura, no seu empenho junto às Academias de Letras em divulgar o que se passava no seu âmbito.
Ele dava espaço para que os autores pudessem divulgar as suas obras, e com o seu vozeirão propagava o meu romance Tentação, dizendo-se apaixonado pela minha personagem Maria Rosa, uma escrava fogosa que fez Silveira – o seu Senhor – se apaixonar por ela.
 
Onde estiver, Sebastião Mendes, que encontre a sua Maria Rosa, e seja muito feliz, porque seu papel aqui você fez muito bem!