O jornal dormido

Há mais de 20 anos, em uma cidade do interior de São Paulo, o seu Manoel, um senhor de bigode branco e barrigudinho, levanta-se cedo coloca a água na chaleira para preparar o café matinal. Enquanto isso vai até a padaria pegar o “cacetinho” e na volta recolhe o jornal deixado por alguém no seu portão.

Como tudo na vida sofre transformações – vejamos: São Paulo não é mais a mesma de 20 anos atrás, como também, o seu Manoel. Dia desses o simpático gordinho de bigode ficou muito doente e não foi mais à padaria, nem pegou o jornal em frente de casa. Tudo dona Maria, a esposa, fez em seu lugar.

Por sorte, e pelas rezas de dona Maria, seu Manoel estava novamente à ativa. E lá vai ele, o vulgo Maneca, fazer o roteiro de todos os dias. Só que dessa vez quem não estava bem era o padeiro, e não tinha pão novinho para o café da manhã, então o jeito era trazer o tal do “pão dormido”. Tudo bem, afinal de contas todos têm o direito até mesmo de ficar doente.

Passado duas semanas, tudo na normalidade, lá vem o seu Maneca com o pão fresquinho, pega o jornal, entra em casa, senta-se à mesa e quando lê a primeira página um susto:

- Ora, pois, este jornal está como o pão de algumas semanas atrás, jornal dormido! Ora, ora essa não.

Katiana Possamai
Enviado por Katiana Possamai em 02/11/2015
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