´O México e os Mortos

Algumas pessoas só lembram dos mortos no dia dois de novembro. Compram flores e velas e vão ao cemitério depositar as flores e acender as velas, choram um pouco e priu.

Penso que o dia dos mortos são todos os dias. Digo isso porque sempre recordo meus mortos queridos. Principalmente meu pai, minha mãe e um dos meus irmãos, mais alguns amigos do peito. Confesso que sempre que vou decidir alguma coisa penso em como meu pai agiria, faço igualzinho; quando converso e relembro o passado uso a linguagem e o jeito de minha mãe contar os causos da sua terra; e quando falo de solidariedade é do meu saudoso irmão que recordo, era muito solidário, além de ser um cara culto, só que nao alardeava isso, escondia. Ele sim, tinha cultura, não era como eu que sou apenas um caçador de ticacas.

Mas o que desejo nesta maltraçada, já fugindo do foco, é dizer da minha admiração, alguns vão pensar que estou delirando, da maneira como os mexicanos festejam os mortos, acho arretado, não choram, fazem uma espécie de carnaval, ficam alegres, cantam, dançam, enfeitam as casas e fazem as comidas que os mortos gostavam, é uma celebração diferente da nossa. Eles acham que os mortos visitam as casas e as cidades durante as comemorações. É como se nunca tivessem morrrido, como se estivessem vivos. Acho isso lindo. Nunca vi ao vivo, apenas pelo cinema, televisão e pelos livros. Gostaria de um dia ver essa festa.

O danado é que sou um sujeito que tem um medo danado de assombração, almas, tremo que só vara verde quando contam certos causos. Mas, hermanos, do carnaval dos mortos noMéxico não teria medo. De jeito nenhum. É uma festa. Os mortos devem ficar satisfeitos, sabem que não foram esquecidos.

Já pensaram um festa com os mariachis, tequila, comida arretada, alegria, músicas como Cielito Lindo, Malaguena, Granada, sem esquecer uma que adoro, parece que de Augustin Lara, Maria Bonita, "Acuerdate de Acapulco/ de aquella noche/ Maria Bonita, Maria de la alma...". Viva o México de Zapata, Pancho Villa, Maria Félix, Juan Rulfo, Carlos Fuentes, Octávio Paz, Cantinflas. Viva os mortos queridos. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 01/11/2015
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