Um exercício: perdoar e fazer rir

Eu sou uma pessoa com uma facilidade tremenda para guardar rancor, mágoa, sentimentos destrutivos e de luta. Sou facilmente ofendido. Daí em vez de explodir eu implodo; Vou consumindo-me por dentro, morrendo pouco a pouco. O pior de tudo é que eu costumeiramente tenho estes sentimentos nos locais onde transito diariamente e permaneço por muito tempo, ou seja: trabalho, faculdade, Igreja. Fosse nas calçadas da vida poderia sentir a minha raiva e continuar a caminhar até que o sorriso espontâneo e puro de uma criança fizesse-me esquecer das mazelas da vida. Mas não. Ver o despertar de sentimentos destrutivos e raivosos minando por meus póros e continuar co-habitando é terrível.

Lembrei-me destes sentimentos agora. É um domingo, quatro e pouco da tarde. O dia está abafado e ouço crianças brincando nas vizinhanças. Há, diante da minha janela uma pedra que adoro. É uma montanha que parece imponente no cenário, e que me traz uma sensação de desafio, talvez por me mostrar pequeno. Ela fica ao Leste, e quando a Lua Cheia desponta por trás dela, desnudando-se aos nossos olhos já nus, é uma cena das mais determinantes para a minha definição de que a vida é tudo. O sorriso da criança e a contemplação da lua dourada por trás da Pedra da Ermitage faz-me alguém que ainda acredita na necessidade da gratidão à vida e à luta contra as coisas que nos destroem. Afinal, bons e maus, boas e más-intenções sucumbirão.

E são eventos assim, tão banais - penso que muitos que me leem estão me julgando por ridículo - que me fizeram crer na necessidade de se cultivar uma vida sem contendas. Eu tenho uma necessidade enorme de não ter inimigos, e ... quer saber? não me importo se me chamam de bobo, por ser bonzinho, pois neste caso as pessoas só se aproveitam. O defeito é delas, de se aproveitarem de alguém, e colher sem méritos. Eu não consigo ser de outra forma, e não é agora, já nos quarenta, que vou mudar. Logo agora que a vida parece estar começando, realmente.

Então o que tenho feito? sempre que estes sentimentos de ódio, violência, ofensa e medo me assaltam, procuro me aproximar da pessoa e criar uma situação em que possa fazê-la rir e reverter o "espírito do mal" que me assola. Exorciso esta situação que só me destroi criando entre nós um ambiente fraterno. Quando não posso, procuro fazer uma oração por ela. Isso tem trazido resultados muito bons para mim, e mesmo que outras situações ocorram, torno a responder na mesma moeda, sempre e sempre.

Se puderem, podem fazer suas orações e preces por mim. Preciso muito.

Obrigado.