Amarela Empambada

Conheço um casal há muito tempo, um desses casais que anima qualquer ambiente. Os dois, marido e mulher (hoje é preciso explicitar), são animados, solidários e engraçados. Alto astral. E são apaixonados um pelo outro. Se têm diferenças elas ficam restritas ao recesso do lar. Combinal em tudo, a gente nota que um sente muita tesão pelo outro. Ele é calmo, ela é agitada, é, por assim dizer, a cabeça do casal, quem comanda, ele é, como se diz no Ceará, meio barriga branca. Detalhe: ela é também braba que nem um siri. E finesse, educada, terna, solidaria, mas quem aprontar com ela recebe o troco. Vou contar um desses trocos.

Elee sçao vizinhos de apartamento de uma dona viúva, sem filhos, magra esquelética, feia que só a gota serena, chata ao cubo, e fanática religiosa, integra um desses agrupamentos da igreja onde se uiva, faz cabriolas e bundas-canascas, um escarcéu danado, tudo para as beatas desse time é imoralidade. Além de chata a megera é ruim. Ganhou até um apelido no prédio: Madame Urtiga. É amarela empambada.

Pois bem, ela, claro, detesta o casal, principalmente quando vê os dois se beijando e abraçados. Ela faz até, pasmem, o sina da cruz. Mas o porteiro diz que não é porque se escandaliza, mas por inveja. Ela vivia procurando um meio de prejudicar o casal. Encontrou.

Certo dia ela ia passando na frente do escritório desse cara e viu-o sair abraçado com uma morena muito bonita. Ficou alegre, riu com aquiele riso de hiena raivosa. Foi imediatamente para um orelhão e ligou para a casa da desafeta e, claro, disfarçando a voz disse: "Olha sua besta, seu marido acaba de sair do escritório abraçado com uma morena bonita, u mulheram, tá entendendo? Enquanto você tá se matando na cozinha ele tá quengando com uma puta de clase, tá entendendo, sua burra?". A mulher estava preparando a feijoada da quarta-feira. Ficou aperriada. Não queria acreditar, mas o virus da suspeita cravou-se nela. Sabia que o marido era educado e bem apessoado e agradava as mulheres. Ficou insegura e só terminou a feijoada a muito custo. Estava fumaçando de raiva.

Maisd ou menos uma hora da tarde o maridfo chegou e foi direto para a cozinha, abraçou a mulher e beijou o seu cangote, mas ela o repeliu furiosa e perguntou ríspida e dura: - Qiuem era a rapariga que você tava abraçado com ela na frente do escritório? Ele riu tanto que embolou, e ela surpresa e ainda com mais raiva, aí ele disse ainda rindo: "Pode botar mais água no feijão que Nanoca chegou de Sertânia, tá já chegando, e você sabe que ela cme que nem esméril". Realmente logo chegou a cunhada dela, irmã do marido, com umas bolsas de compras e pergntando se qa feijoada já estava na mesa. A mulher ficou envergonhada mas feliz, era mentira. Mas precisa sabwer quem tinha armado a mentira. Bom, mais tarde quando estava sozinha na sala, ficou pensando quem poderia ter feito o telefonema anônimo e, aí, pimba!, descobriu, é que a amarela empampada so falava colocando do final a expressão, "tá entendendo". Fora ela, iria dar-lhe o troco.

No oitavo andar morava um casal de velhos, o velho nem saia mais da cama, fazia suasnecessidades nela. Amulher foi lá, sempre ajudava a velha. Levou um balde e pediu que a velha enchesse essse recipeinte de mijo do marido, um mijo que fedia paca. De manhãzinha dfoi buscar o balde, desceu e ficou tocaiando a saída da amarela empambada para ir à missa. Quando ela passou pela portaria a mulher jogou em cima dela o balde de mijo. Todinho. A dona respingando de mijo pediu ajuda do porteiro, ele de lenço no nariz swe negou. A mulher ainda lhe disse: "Eu devia além do mijo dar-lhe uma pisa. Fica para a próxcima vez, sua megera safada". A amarela empambada correu para o seu apartamento, mas dizem que passu dois dias para tirar o fedor do mijo do velho. Foi realmente um belo troco. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 31/10/2015
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