King

Alguns amigos sempre me perguntam por que, apesar de gostar dos animais, não crio pelo menos um gato ou um cachorro. Sempre explico que gato não crio porque minha avó dizia que faz mal a asmático, então basta o gato que tenho nos peitos. Quanto a cachorro, respondo que não crio por causa de um trauma: o cachorro da casa de meu pai, King, foi atropelado por um caminhão e, depois de alguns dias, morreu.

Fiquei, pois, com esse trauma, com medo de me afeiçoar a outro cachorro e ele ter o mesmo fim trágico. King era como alguém da nossa família. Era um lobo policial (sou ruim nesse treco de definir raça de cachorro) preto e amarelo, manso, ensinado, brincalhão. Era o "segurança" da casa do Major (o apelido do meu pai), o portão do muro era escorado apenas por uma tora de madeira. Quando um estranho se aproximava do portão, o nosso segurança dava uns latidos e ele se afastava. Esse cachorro pertencera a uma sobrinha de meu pai, Inah. Ela teve que se mudar e não pode levar o cachorro, então deixou-o na nossa casa. King ficou morando no muro, tinha o seu quartinho nos fundos desse muro. Tinha uma particularidade: uma mancha de queimado, foi uma chaleira de água quente que caiu em cima dele. Esse cachorro chegava, pasmem, até a acompanhar as peladas de futebol no muro. E, às vezes, colocávamos a mochila do pão no seu pescoço e ele iama buscar o pão na padaria. Juro.

Mas certo dia, um dos dias mais tristes da casa do Major, eis que King foi dar a sua costumeira voltinha nas redondezas quando, vindo na contramão, um caminhão da prefeitura o atropelou. Ficamos todos comovidos. Levamos King para o hosital, tiveram que amputar uma das suas pernas, ele foi aguentando mas aí, gangrenou, era o fim. FDp=oía na gente ouvir os seus gemidos, parecia uma criança chorando e sofrendo, Depois de alguns dias descansou, se encantou, nos deixou, foi para um muro do céu. Foi enterrado ali mesmo no muro. Pensem na tristeza imensa de toda a família. Sim, porque dizem que o cachorro é o maior amigo do homem. Acredito. Mas King era mais que isso, era alguém da nossa família.

Sempre me lembro da casa do Major, principalmente quando converso com meus irmãos e minhas irmãs e sempre bnos recordamos de King, e, creiam, todos marejamos os olhos. Nuncva nenhum de nós esqueceu King. Ele ficou nas nossas mentes e corações. Viva King. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 30/10/2015
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