A PODA
Acordei assustada,com o coração saltando pela boca. Que barulho ensurdecedor era esse ? E em pleno domingo as oito horas da manhã ?
Pulei da cama e espiei pela janela. Dois caminhões enormes da prefeitura e com escadas compridas como de bombeiros,dividiam entre si a rua aqui da frente do prédio. Estavam dando início a uma poda de árvores que ( para meu desespero ) duraria o dia todo .
O barulho das motos serra era infernal. Impossível conseguir isolá-lo em qualquer lugar do apartamento aonde eu estivesse.
Enquanto tomava meu café,visualizei em memória o tamanho das arvores aqui da rua. Sem duvida…seria trabalho para um dia inteiro. A poda não ia ser fácil.

Quem estava fora do lugar ? as árvores ? ou os fios elétricos ?
Penso que, no meio da mata e dos campos,árvores de grande porte não são problema nenhum. Já nos centros urbanos…

Resumindo a história : tomei café,almocei e lanchei com fundo musical pior que conjunto de rock pauleira ( nada contra,mas não gosto ) ok ? Direito meu.
Conforme as horas do dia foram passando,eu já não escutava mais as serras elétricas nos troncos e galhos das arvores. Das duas uma : ou meus ouvidos se acostumaram com os ruidos,ou eu já estava surda e não sabia.
Agora,cinco horas da tarde,com a calçada do lado de lá do asfalto,já esvaziada de ramos e galhos,percebo uma movimentação de pássaros voando atarantados,que me faz lembrar Alfred Hitchcock em um dos seus filmes de suspense.

Penso eu que essa poda ( selvagem mas necessária ) desalojou muitas famílias de pombos,bem te vis,beija flores,pardais e sabias castanhos. Desesperados,os passarinhos voaram todos para o lado de cá da rua,se amoitando em bandos nas três arvores aqui do meu prédio,e que ficam em frente as janelas do meu apartamento.

Abestalhada com tanta passarinhada piando,chilreando e pipilando nos galhos das minhas arvores,senti alegria e compaixão ao mesmo tempo. Fiquei triste pelo desamparo dos bichinhos indefesos,mas também senti uma alegria enorme por te-los tão perto de mim aqui na janela,quase ao alcance das mãos.
Espero que esses passarinhos, encontrem novas arvores e um novo lar bem rapidamente. Quero pensar assim,para que assim seja .
* PenhaBoselli * / 2015