DIA DOS MORTOS. DESAMOR.
Quantos mortos estão vivos na mesma proporção dos vivos que pensam vivos estarem e mortos estão. Os mortos que estão vivos matam por desamor. É a marcha da inconsciência que enterra a esperança.
Só quem ama com profundidade e compreensão vive. Viver é amar. E quem ama verdadeiramente, lastreado na incondicionalidade, não tem freios na distribuição da boa vontade. As razões do coração não conhecem freios ou condições. E a morte disseminada pelos mortos-vivos não conhece o amor ao próximo. A egolatria é o altar supremo.
A indiferença ao ato de amor semeia o infortúnio e a discórdia pela usurpação de todos os valores devidos a todos, uns aos outros, na hierarquia que não conhece limites nas obrigações civis privadas e na institucionalização pública.
Quem realmente está vivo só conhece o amor. Nessas pessoas não há traço de egoísmo ou exigências para amar. Moram nesse habitação, circunscreve uma voluntariedade vestida pela involuntariedade natural,brota e cresce linearmente, sem cisões, é originário amar.
No dia dos mortos, que se aproxima, os vivos que se foram e foram amor são lembrados, os mortos-vivos carregados de vícios estão na pátria gigantesca do esquecimento, rejeitados, expulsos da aceitação que projeta o sufrágio da recepção . E essa peça é vivida no cenário do AGORA. É a sepultura aberta de difícil exumação dos restos que nada mais são que restos desacreditados.
Serão assim os mortos vivos, estão mortos no dia a dia presencial, recusados quando descobertos, recusados na proclamação unânime, descerrado o manto egoísta que mostra a mortandade alastrada e castradora de uma dignidade possível, submissos muitos às restrições de uma vida aparente dos que estão mortos.
Felizes os mortos que os vivos não esquecem,desgraçados os mortos que estão vivos.