DIA DOS MORTOS. DESAMOR.

Quantos mortos estão vivos na mesma proporção dos vivos que pensam vivos estarem e mortos estão. Os mortos que estão vivos matam por desamor. É a marcha da inconsciência que enterra a esperança.

Só quem ama com profundidade e compreensão vive. Viver é amar. E quem ama verdadeiramente, lastreado na incondicionalidade, não tem freios na distribuição da boa vontade. As razões do coração não conhecem freios ou condições. E a morte disseminada pelos mortos-vivos não conhece o amor ao próximo. A egolatria é o altar supremo.

A indiferença ao ato de amor semeia o infortúnio e a discórdia pela usurpação de todos os valores devidos a todos, uns aos outros, na hierarquia que não conhece limites nas obrigações civis privadas e na institucionalização pública.

Quem realmente está vivo só conhece o amor. Nessas pessoas não há traço de egoísmo ou exigências para amar. Moram nesse habitação, circunscreve uma voluntariedade vestida pela involuntariedade natural,brota e cresce linearmente, sem cisões, é originário amar.

No dia dos mortos, que se aproxima, os vivos que se foram e foram amor são lembrados, os mortos-vivos carregados de vícios estão na pátria gigantesca do esquecimento, rejeitados, expulsos da aceitação que projeta o sufrágio da recepção . E essa peça é vivida no cenário do AGORA. É a sepultura aberta de difícil exumação dos restos que nada mais são que restos desacreditados.

Serão assim os mortos vivos, estão mortos no dia a dia presencial, recusados quando descobertos, recusados na proclamação unânime, descerrado o manto egoísta que mostra a mortandade alastrada e castradora de uma dignidade possível, submissos muitos às restrições de uma vida aparente dos que estão mortos.

Felizes os mortos que os vivos não esquecem,desgraçados os mortos que estão vivos.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 29/10/2015
Reeditado em 29/10/2015
Código do texto: T5430909
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