a magia explicada
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Depois do almoço
quando arrastamos a cadeira
um pouco para trás
uma sonolência morna entrelaçada de luz
entra pela janela
ludibria as cortinas
e difusa poisa no vinho
é nessa altura que dizemos
vou comer este dióspiro
antes que apodreça.
»
http://www.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=418758
Em atenção aos poetas anónimos e a quem neles admira a poesia com alma de poeta ou alma poetisa, como é o caso de quem recolheu este poema; faz-me lembrar um poema duma amiga que lamento não saber de cor mas, como tanta outra informação que deixa raízes e sensações, às vezes imagino reler imaginando e aqui deixo uma incursão - indo em excursão - à memória e fantasia onde se funda também ainda e sempre a poesia:
a parte de trás da cabeça
deixava-me ver o cabelo,
quando passei à frente
pude ver que dormia
voltei a sentar-me
e fiquei a olhá-la
nos olhos ainda
desconhecidos
reconhecemo-nos
quando também eu
adormeci junto a ela
sentado no banco de trás,
para ser completamente...
pormenorizado ao pormenor
"por pôr..."
Nem pensar em igualar a leveza e beleza do poema inicial, nele as imagens surpreendem-nos e fazem pensar e sentir transições «luz (...) difusa poisa no vinho» com uma magia semelhante à ilusão com que vemos desaparecer o coelho que vimos aparecer na cartola do mágico. É o momento em que pensamos, o que terá sido mais difícil: tirar o coelho da cartola ou, de novo, nela o meter e fazer... desaparecer!
o coelho saltou
para dentro da cartola
dando-nos sensação
de ser amestrado
com esta explicação,
o coelho é amestrado,
já a magia nos parece
simples e acessível?
Agora sim! Consegui um poema capaz de igualar duas quadras sem rima e a magia explicada do que não sabemos definir: poesia.
{
Fruto das potencialidades da Rede, aqui encontram o autor do poema "dióspiro"...
http://poesiailimitada.blogspot.com/2006/03/daniel-maia-pinto-rodrigues-e.html
Meu obrigado à Kat e logicamente à Vlladh, abraços!!
}