Assuntando a maçaranduba do tempo

Gosto de ficar uma parte do dia sozinho, assuntando a maçaranduba do tempo, divagando, conversando com os meus botões, coisa de véio quando começar a caducar. E um tema é obrigatório: Por que a Terra, um planeta mixuruca em relação a outros, seria o único privilegiado com vida inteligente? Por que Deus iria criar tantos planetas grandiosos sem neles colocar vida inteligente? Seria um desperdívio abissal.

Confesso que não tenho nenhuma base científica para falar sobre esse assunto. Não li sequer aquele best-seller, "Eram os deuses astronautas?", dizem que escrito por um mintômano. Nada manjo de física ou de astronomia. Li apenas alguns artigos de jornais.

O que sempre deixou grilado foram os dogmas, a intolerância, a reação contra as novas idéias. Um exemplo: o caso de Galileu Galilei que quase foi assado na fogueira da Inquisiação porque ousou defender a teoria de Copérnico de que a Terra girava ao redor do sol, enquanto a Igreja dizia que o centro do universo era a terra. Quem discordasse era condenado à fogueira. Depois de abjurar, Galileu disse baixinho a frase cpelebre: "Eppur si muove" (E, no entanto, ela se move!).

Supri um pouco as minhas deficiências de leituras sobre o assunto, vendo varios filmes sobre os chamados contatos com os extraterrestres. ET foi bom, mas infantil. Para mim, nessa linha, dos filmes são arretados: "Contatos imediatos de terceiro grau" e "Contato" (apenas contato). É claro que ambos são pura ficção, mas ajudam a pensar, deduzir, imaginar. O primeiro me parece que foi dirigido por Spilberg, numa cena encontram um navio que havia desaparecido há muito tempo, e encontram esse navio no deserto. Noutra encontram vários aviões, desaparecidos na Segunda Grande Guerra, todos com os tanques cheios e perfeitos. Mas o mais bonito nesse filme é a cena final quando se realizam os contatos com os extraterrestres (a idealização, quem sabe, do que pode suceder). O segundo, "Contato", não sei quem é o diretor, estrelado pela grande atriz Jodie Foster, vivendo o papel de uma cientista, é ainda melhor. Ele consegue idealizar com mais lógica o possível a possibilidade de haver uma civilização superior a nossa. Há o lance incrível da fabricação de uma nave espacial (planejada por outro planeta), construída na terra e que leva a cientista à civilização superior. Detalhe: o fator tempo na viagem dessa nave é completamente diferente do nosso (é como se o transporte espacial se desse por outra forma de energia, talvez a quântica, sei lá...). O ponto alto do filme é quando ela chega e contempla a beleza do outro planeta, o céu com luzes maravilhosas, tudo lindo (seria uma alegoria do Paraíso?). Ela então diz a si própria: "Meu Deus!, não deviam ter mandado uma cientista, mas um poeta!". Bingo! Sim, porque um poeta seria muito mais capaz de descrever a emoção e a beleza do qe um cientista.

Sempre guardei para mim mesmo esses pensamentos, a crença numa vida inteligente fora da terra. Só comecei a falar nisso abertamente depois que li uma entrevista de Frei Betto, um religioso de verdade. Nessa entrevista, além de confessar que já viu discos voadores, ele disse taxativamente o seguinte: "Somos um planeta periférico situado em uma das cem milhões de galáxias que existem no universo. Não posso imaginar que, apenas num pequeno planeta a vida tenha vingado". O entrevistador questionou que fora nesse planeta que Cristo escolheu para vir. A resposta de Frei Betto fopi firme e lúcida: "Não sei como, mas o mistério da salvação deve ter sido dado também em outros planetas". Fosse no tempo da Inquisição, ele teria sido mandado à fogueira.

Bem, basta de divagações, vou agora olhar para o céu para ver se vejo um disco voador. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 28/10/2015
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