Não, não há nada de errado. Por que haveria?

Por vezes eu sumo, saio de cena, marco um encontro comigo mesmo e só. Me desconecto das parafernálias digitais e o único contato necessário é com o meu amor, comigo mesmo e só. Sento e bebo um café, conversando com ela sobre qualquer coisa. Às vezes, nos momento que antecedem o sono, o descanso e sonhos, pego uma caneta e folha de papel pra liberar um relato qualquer, um poema qualquer e enfim me recolho.

Anomalia esta, de onde vem eu não sei. Fico me perguntando se é loucura de um mundo que é somente meu ou se ocorrem também em outros universos. O fato é que a tendência a solidão é comum em todos e está presente nos mais simples atos. Senta-se no banco do ônibus onde não há ninguém ao lado e, se possível, onde há uma janela, que é pro caso de ter com o que se distrair quando aparecer companhia no assento adjacente, é um típico exemplo de tendência à solidão. Em meio a este e a tantos outros exemplos, fica evidenciado que o ser humano tende, naturalmente, a isolar-se. O que contradiz todo o princípio de que o homem foi feito para viver em sociedade.

Há, por tanto, uma inclinação natural à abstenção da socialização. Porém, há pessoas que essa inclinação vai além do impulso e por vezes torna-se necessidade. Eis aqui vosso insignificante redator. Na sala de casa, voluntariamente privado do contato com outrem, permitindo-se relacionar somente com quem obviamente permite se relacionar.

Eu não quero nem que o carteiro me traga a encomenda. Não quero nem que a "moça do tempo", do jornal, me diga se vai chover ou fazer calor amanhã. Não quero receber uma ligação de gente com quem não converso há tempos. Tudo isso só pode e deve acontecer se eu quiser. Estou sendo egoísta e talvez bizarro com toda convicção disso, por um motivo que eu não sei e também não quero saber. Mas, no final das contas (antes que se pergunte), me sinto ótimo.

Daniel Matos
Enviado por Daniel Matos em 28/10/2015
Reeditado em 28/10/2015
Código do texto: T5429905
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