Das coisas minhas e das coisas do mundo em mim

Vez em quando não caibo em mim – seja de alegria ou de tristeza, que nada mais é que, na verdade, uma inquietação profunda. Um peso que se carrega nas costas por não conhecer todas as coisas do mundo e querer de tudo um pouco e sempre mais. Vez em quando, desajeito-me em meus descompassos. Ando esquisita dentro de mim. Como ser maior do que a própria altura, ter os braços mais compridos que o próprio corpo. E noutras sou tão pequena que me admiro como é possível eu ser assim – mesquinha, egoísta, briguenta e tão facilmente irritável. Faço tempestade em copo d’água e desconsidero qualquer pingo de sensatez que exista em mim. Fico procurando “coisa” onde não tem e dramatizo as minhas dores e os meus amores, meus pensamentos e posições. Exagero, grito e esperneio. Feito criança.

Noutras vezes sou tão zen e tão “compreendedora” do mundo e das pessoas. Acredito sinceramente que tudo tem jeito e tudo evolui. Acredito no potencial do ser humano e na força do bem. E gosto de ser assim. Acredito que o ser humano evolui à seu tempo e do seu modo, que julgar ou querer forçar, mais que burrice é pretensão demais. Não somos melhores que ninguém, estamos todos juntos nessa caminhada, mesmo que alguns cheguem antes ou depois na linha de chegada.

Gosto das nuances que moldam meu ser, até porque se eu não gostasse me esforçaria para ser diferente. É claro que acredito ter defeitos que precisam ser mudados e tolices minhas que precisam ser ultrapassadas. Mas de uma maneira geral, gosto de quem eu sou e me sinto feliz dentro do corpo que habito.

É linda essa dualidade do ser, mas as pessoas não se sentem bem com quem elas são e usam mascaras para disfarçar seus defeitos e esconder seus medos. Como se fosse pecado ser quem se é. Acredito que desde que não se faça o mal ao outro, tudo pode ser relevado. Porque não somos perfeitos. Mas tem muita gente tentando fingir que é, por isso mesmo apontando o dedo e batendo martelos por aí. Prefiro a sinceridade que grita ou esperneia do que a falsidade e/ou fraqueza de caráter que cala ou consente, só para fingir ser o que não é.

Enfim, começo sempre falando de um assunto e deságuo noutros tantos. Mergulho fundo no meu próprio oceano e nos oceanos do mundo além de mim, que se encontram sempre num ponto comum. Gosto das palavras e gosto das questões. E gosto de tentar entender, mesmo sabendo que existem coisas que eternamente fugirão ao meu entendimento, porque sou humana demais para compreender.

E restam-me reticências no fim. Mas eu também gosto delas.

MAMagni
Enviado por MAMagni em 28/10/2015
Reeditado em 28/10/2015
Código do texto: T5429712
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.