sem título

era tudo muito cinza. sempre teve tudo e nada a preenchia. seu coração procurava por alimento. buscava, buscava e buscava. nada. tudo em vão. foi longa a espera, mas, por fim, encontrou. não sabia se era para sempre ou se tinha, definitivamente, um meio para tudo isso. teve início, mas não teve meio. pelo menos, não ainda. era difícil, mas, também, nunca gostara de nada que viesse fácil. porque, querendo ou não, sempre teve acesso às melhores coisas, aos melhores lugares. faz parte da alta sociedade. da gente fina e de bons modos. mas isso, de fato, nunca fora tão importante para ela. ela buscava algo a mais. algo que a deixasse fora de si, que a encantasse de forma única e singela. era de um coração muito sutil e sensível, embora forte. ela finalmente conseguiu, após muitos anos, reencontrar-se. tudo porque ela conseguiu ser tocada da melhor forma possível. e não. ela realmente não ficou fora de si. na verdade, ela voltou a ser quem ela sempre foi. uma criança com brilho nos olhos e apaixonada pela vida. pelo universo. pelas estrelas que brilham no céu. pelo sol que hidrata sua pele semanalmente. pelas flores coloridas que convivem entre si em um mesmo jardim. pelo voar apaixonante de duas borboletas em total sintonia. sincronia. harmonia. e ela só precisava desse voo. aonde estivera? quando chegaria? não sabia... podia voar sozinha? não completamente. porque o voo é o encontro da terra com o céu. do yin e do yang. e ela só queria poder amar mais do que nunca. quem sabe, deus, algum dia, você poderá estar aonde sempre esteve: dentro do seu coração.