Humores destoantes
Quem usa os serviços de táxi em Porto Alegre sabe que se encontra de tudo, de carros novos e limpos a carros em péssimas condições, assim como motoristas com todo tipo de humor. Bem sei que essa loteria também vale para eles, que carregam passageiros de todos os tipos, afinal de contas é um serviço público.
Mas a história de dois taxistas me chamou a atenção.
O primeiro, com um carro excelente, em boas condições de manutenção, portando um bom smartphone, era mal-humorado para caramba, mal falava, corria e "costurava" no trânsito e dava sinal de luz para que os carros que estavam na frente dessem passagem, como se estivesse levando uma grávida ao hospital para dar a luz. E detalhe: por mais de uma vez pegamos o táxi dele e sempre era esse o comportamento.
Já o segundo, um senhor mais velho, em um carro bom até, mas que carece de alguma manutenção - ele próprio comentou que o proprietário aguardava o agravo para fazer a manutenção - trabalha de empregado. E, por um descuido, ao sair para comprar o seu lanche, deixou a chave dentro do carro, que se fechou. Era o primeiro dia de trabalho dele naquele carro e ele não quis incomodar o proprietário, que detinha a outra chave, para não "queimar o seu filme" junto ao patrão: resolveu do seu próprio bolso pagar o chaveiro para abrir o carro, e assim o fez, logo antes de pegar a nossa corrida. Durante o trajeto, com bom humor e nos tratando bem, contou-nos a sua história.
O primeiro talvez até seja o proprietário do táxi.
Moral da história: Um com vários motivos para abalar o seu humor e o outro, aparentemente sem motivos para ser tão mal-humorado. No entanto, o senhor do bom humor não se deixou abalar.