O amor e o Ser

Quisera em tempos de medo falar sobre o amor suscitando que

recordássemos este ponto para o qual todas as estradas da vida

convergem. Recordei os grandes poetas Victor Hugo, Vinicius de Moraes e Neruda, mas embora tenham erguido bandeiras de louvores ao sentimento, sempre o vincularam ao outro, no caso a exaltação da mulher. Mas onde nasce o amor no ser?

Somos duplamente filhos do amor no instante que o nosso corpo é um ato de amor do mundo e nossa alma um ato de amor do universo, um uno verso da criação! Mas então porque dividimos o amor, o setorizando em nossas

vidas?

A primeira recordação quando me fiz essa pergunta foi o mito grego das almas gêmeas: Um ser UNO hermafrodita, tão forte, capaz de desafiar o Olimpo. Zeus diante da ousadia daquele ser lançou um raio o bipartindo em duas existências que se buscavam, pois apenas juntos, poderiam recuperar a força dos primeiros dias.

Para mim essa é a grande separação do amor no pensamento dos homens. Não somos metades que se buscam. Somos dois inteiros que se encontram!

A separação não se deu entre sexos, mas se deu internamente, separando razão/ emoção.. visível/invisível... matéria/espírito...feminino/masculino..Quando tudo que buscamos separar se complementa! Somos o

oceano contido em uma gota. E a nossa única forma de reequilíbrio é a criação de pontes que sejam capazes de unir os extremos e para isso só há um caminho: o auto conhecimento. Os relacionamentos - Re (tornar) aos laços, é o religar com nós mesmos. Talvez a grande dificuldade de enxergarmos o espelho da alma no outro esteja justamente na imagem pré-idealizada que fazemos de nós mesmos. "Detesto tal pessoa", mas

não raro o detestar (de - negar/ o que testamos) é o primeiro passo de afirmar o que ainda portamos dentro de nós. Amar ao outro é a forma mais plena de auto-conhecimento. Uma vez que compreendê-lo resulta na própria compreensão.

Para complementar essa pequena reflexão sobre o amor resolvi trazer a tona, alguns pontos que talvez sejam desconhecidos por alguns como a essência da Santa tríade repetida de forma tão mecânica nas igrejas e tão pouco trazidas ao dia a dia. A santa tríade católica é oriunda da Santa tríade egípcia: Horus, Osiris e Isis. A igreja católica no inicio da sua formação, precisando de bases para instaurar seu conhecimento se valeu da mitologia antiga para criar suas próprias imagens. Se de um lado ofertou duas asas ao homem: "amor e sabedoria", mostrando assim o caminho da evolução. No outro o "tri-partiu" em Pai - Filho - Espírito Santo.. que traduzindo poderia ser lido como:

Espírito - Matéria - Mente/ Ou ainda Pensamento - Palavra - Atitude..ou ainda Ser - Ter - Fazer. O amor é a conjunção da tríade! é a junção de todas as cores que resulta no branco.. Se o preto demarca a transformação de um ciclo ou a ausência de cores. O branco é a origem e o inicio a presença de todas as cores. Tudo estava unido até ser separado.

Muitas crianças brincavam de desmontar brinquedos para entender o funcionamento. Eu desde pequeno desmontava palavras para entender o sentido das mesmas. E se a conseqüência do amor é sempre a felicidade.

Busquei chegar a origem pelo fim... Felicidade = Fé + Licita +

habilidade. Habilidade da fé... fé não é doutrina, é confiança intima ou consciência da essência. Buscando de novo a sentença de meu amigo Pequeno Príncipe Fé é "o essencial que é invisível aos olhos e que só se vê bem com o coração!"

O amor é um campo único.. embora muitas vezes usemos enxadas diferentes para cultivá-lo: religiões, família, relações afetivas,etc...

Assim conclui que embora seja lei universal, o amor não julga, é

compreensão! Embora o amor seja atração entre afins, ele não

aprisiona, pois é libertação! Embora o amor seja como o vento a

impulsionar as velas, ele não determina, é livre arbítrio.

Não querendo me estender mais, até porque meu objetivo é unicamente "Levantar a poeira" das reflexões para que cada um pinte suas próprias estrelas. Findo com a mensagem do

celebre Khalil GIbran:

"Embora o amor vos exalte, ele também vos crucifica. E tanto ele age em vosso crescimento quanto em vossa poda. Assim como ele sobe até vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros. Também desce até vossas raízes e as sacode em seu abraço a terra.O amor nada dá, a não ser de si mesmo, e nada recebe a não ser de si próprio. O amor não possui nem quer ser possuído, pois ele basta-se a si mesmo. E não penseis que possais dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar dignos, dirigirá vosso curso."

Fernando Paz
Enviado por Fernando Paz em 26/10/2015
Código do texto: T5427447
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