A Metamorfose Brasiliana

Havia em Brasilia uma velha casa pertencente a todo o povo do Edificio Brasil que por serem muitos nomearam uma velha senhora por zeladora da casa e assim o fizeram porque antes dela seu pai fora o zelador era tradição nomear zeladores daquela família. Seu gênero não lhe permitia ares de asseio e limpeza nem com o corpo muito menos com a velha instituição. Vivia na sujeira, na lama, bastava dar uma olhada pela casa que logo se encontrava cantos e cantos repletos de sujeira. Seu povo tentava a todo custo tirar a velha da casa, limpar a casa; mas sem êxito. A cada tentativa a velha dizia: "Daqui não saio! Antes de mim esta casa foi ocupada por meu amado pai que me criou e me ensinou tudo o'que sei e também por meus irmãos que sempre foram ótimos companheiros!" era apegada ao passado, as lembranças e os ensinamentos de seu pai (antigo zelador da casa) e de seus irmãos exímios companheiros na execução dos ensinos do pai. Num desses cantos sujos, o mais sujo na verdade (o porão) vivia uma ninhada de ratos que ao cair da noite aproveitavam para roubar os mantimentos da casa, muita da vezes até mesmo com o consentimento da velha que ao ouvir seu barulho no velho armário da casa pensava: "Que levem. Não devo me preocupar pois virão mais mantimentos!" estes (os mantimentos que sustentavam a casa e a velha) eram oriundos das incessantes, quase obrigatórias colaborações de seu povo que mês a mês, dia a dia, ano a ano davam a velha o'que tinham e a sustentavam. Passada uma noite um dos ratos da ninhada acordou e viu que havia se transformado em um ser humano. Começou a olhar-se e ver seu novo corpo, olhou em volta e viu a quantidade de sujeira e o enorme contingente de ratos a sua volta, pensou: "Tenho que limpar esse lugar e acabar com esses ratos que além de aumentar a sujeira proliferam doenças nessa casa" pensou também em como fazer e chegou a conclusão que devia retirar-se daquela casa e voltar apenas quando tivesse a solução para aquilo. e assim o fez: saiu da casa e foi buscar informações sobre a casa e sobre a proprietária. e logo encontrou. Dirigiu-se ao bar da esquina de cima e perguntou ao dono: "Bom dia! o senhor sabe me informar sobre aquela velha e imponente casa da rua de baixo?" o velho taverneiro, simpático com a maior presteza lhe respondeu: " Oh aquela velha casa já teve vários zeladores: Marechais Esplendorosos e de muita honra e disciplina!, Engenheiros, Intelectuais... e sempre foi assim: hora muito suja, hora limpa... Mais a situação de um tempo para cá só fez piorar! o último zelador, o pai da velha senhora criou vários filhos ali e viveu boa parte de sua vida na casa, morreu e a deixou como herança a sua filha predileta: a senhora que hoje é dona da casa. mas desde sua época ele vem descuidando da casa porém ao menos por fora quem a via tinha alguma impressão de limpeza, agora com a velha senhora como proprietária todos que por ali passam tem asco e nojo ao ver tanta sujeira! Seu povo já a algum tempo tenta tira-la de lá mas sem êxito.Mas porque a pergunta?" Nosso metamorfizado corou pois nem mesmo ele ao certo sabia o'que pretendia uma lufada de idéias lhe passam pela cabeça. Viveu tanto tempo como rato naquela sujeira que estava em duvida se liquidar com a sujeira era melhor coisa a ser feita, afinal ali viveu e foi feliz (se é que se pode dizer que os ratos, são felizes) mas aquela vida de roubar já lhe cansara e rendia graças aos céus por ter-se liberto de tudo aquilo. E foi esta mesma satisfação de estar fora daquilo que lhe motivara a resposta: " É que a casa é tão bela porém tão suja que eu queria poder fazer algo para mudar a situação e além do que é uma vergonha para os proprietários." o taverneiro por sua vez lhe advertiu de que era mui difícil mas não impossível e que se ele realmente queria fazer algo devia procurar o povo da velha e lhe deu o endereço. Viviam eles em um grande aglomerado que chama-se Edifício Brasil , eram de todas as cores e raças, de todas as classes. E lá foi nosso herói em busca de promover a mistura entre os seus objetivos com os objetivos do povo do Edificio Brasil e assim o fez: entrou, dialogou e chegaram a conclusão de que deveriam reunir-se todos e ir até a velha casa e de novo pedir a saída de sua zeladora e assim o fizeram: foram todos em enorme cortejo pelas ruas até a casa onde a zeladora lhes disse que de lá não sairia! Tentaram muitas outras vezes. Porém todas sem êxito. Até que um dia em nova reunião no Edificio Brasil nosso Metamorfizado e o povo do Brasil pensavam em como tirar a velha da casa até que em meio aquela discussão nosso herói profundo conhecedor daquela sujeira lembrou-se da quantidade ratos ali existentes e disse: “Pois bem acho que tenho a solução para nosso problema!” e todos em coro lhe disseram um enorme “QUAL??” e fizeram silencio para ouvir o’que ele tinha para dizer e assim o disse: “ tenho certeza que uma casa naquelas condições deve ter toda quantidade insetos quem podem se tornar pragas e espalhar-se pela cidade. Vamos apelar aos órgãos maiores. A Vigilância Sanitária que pode fazer uma vasculhação na casa e se achar conveniente interditar a mesma para que haja uma dedetização e as pragas sejam eliminadas após isso sabemos nós que a velha senhora não irá querer mais a casa pois ela ali está para conservar o’que seu pai lhe deixou e uma vez que a casa será limpa e dedetizada ela não encontrará lá o fulgor das antigas lembranças e seus atos não poderão ser os mesmos, sendo assim ela sairá de uma vez por todas da casa!” e assim foi feito. Na outra semana a denuncia foi feita pela vigilância que se interessou pelo caso e a contra gosto da velha vasculharam sua casa e descobriram lá um enorme contingente de insetos porém nenhum maior que a ninhada de ratos. E decidiram que querendo ou não aquela casa deveria ser dedetizada e limpa. Foram lá e fizeram seu serviço porém todo o povo do Edificio Brasil acompanhou a realização daquele antigo sonho de limpeza! E viram aquela casa tão amada antes tão asquerosa agora tão limpa e perfumada. Dentre eles sorria nosso metamorfizado por ver que havia saído das trevas, da sujeira para se tornar um ser limpo! Agora era verdadeiramente feliz! Quem ocupou o lugar da velha? Pois bem esse foi o segundo assunto a ser discutido pelo povo do Edificio Brasil e que saibam escolher aquele que tomara conta da casa que é de todos! Que saibam que uma escolha errada leva anos e esforços para ser corrigida e que aquela casa agora limpa e perfumada pode novamente ser abrigo de ninhadas de ratos e de outros insetos. Não sendo apenas nosso rato que passou por uma metamorfose mas sim toda a casa, todo o Edificio Brasil! Uberlândia 24 de Outubro de 2015.