Luz Negra

No começo dos anos 7Oas pessoas começaram a se interessar, no interior, pelas "festinhas" em clubes mesmo sem conjunto, bastava apenas um som nos trinques, e, claro, a tal luz negra. Era um barato, moda. No clube dos bancários, em Pesqueira, onde o presidente por apenas um ano, pasmem, era eu, investi logo com o saldo existente na aquisição de um som porreta, havia até microfone para os cantores darem uma canjinha, mas o forte desse som era ser arretadíssimo de bom, contabndo ainda com fitas e discos atuais, para animar os "bailinhos", uma espécie de "aasustados" nos fins de semana. E a luz negra? N~~ao consegui adquirir uma apropriada, mas um sujeito criativo fez uma gambiarra colocando papel, me parece que celofanem, nas luzes e aí ficou meio escurinho, pronto estava perfeito. Todo mundo dançando coladinho ao som de Detalhes, Nossa Canção, Levanta os Olhos, Aline, Eeelings, Outra Vez, Esse Cara, Roberta, Aldila, Ma Vie e outras baladas, algumas americanas, tgudo na base do romantismo, só depois da meia-noite eu mandava colocar um disco das Frenéticas para as pessoas darem uma saculejada, depois voltava o repertório romântico. O sarro comia no centro, mas dentro dos limites. Algo até bem comportado, mas sarro é sarro.

Mas houve um fato inusitado, sério mas risível. Entreguei o bar a um amigo meu, um seresteiro da terra, um cantor arretado, além de cantar ele faturava com o bar. Não era difícil, a bebida era Rum Montilla e Coca e, claro, muita cerveja. E o tira-gosto era calabresa e batatinha, mas o seresteiro resolveu inovar, incluiu no cardapio o peixe da região: Tilápia, fritada no óleo, uma delícia. Certo? Errado. Sim, porque com a luz negra comer peite que tem espinha é phoda, é perigoso.

Certa noite, o bailinho estava no auge, um rapaz de Floresta que estava adido na agência do BNB, que dabçava muito bem, estava dançando naquela base com uma moça da cidade, era amor para quinhentos anos, quando cansavam iam at´´e a sua mesa e tom,avam uma cervejinhae tiravam o gosto com a tilápia.. Numa dessas vezes o rapaz tomou um copo de cerveja e deum mordinha num pedaço de tilápia e, aí, hermanos, poke!, uma espinha do peixe cravou-se no céu de sua boca. Foi um rebu danado, mandei logo tirtar o pael celofone das luzes e parar o som. Olhamos o estrago na bioca do rapaz, não havia como retirar a espinha, era grande, e o rapaz estava muito aperriado e já sangrava um pouco. Metemos ele no fusquinha do seresteiro e levamos para o hospital. Não havia médico (que novidade!), mas um enfermeiro meu chapa pegou uma pinça e resolveu a parada, Foi um alívio para o rapaz e para todos nós. O intressante é que o rapaz voltou para o clube, recomeçamos o bailinho e ele dançou até a madrugada com a moça que agora não estava mais assustada, mas na hora ficou desesperada. O sarro continuou tranquilo.

Do episódio só tomei uma decisão, proibi o tira-gosto tilápia, voltou a tradicional calabresa e a batatinha. Não se faz mais os bailinhos de antigamente onde rolava noa música e até se improvisava luz negra. Que saudade. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 24/10/2015
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